Sony foi a grande vencedora dos Grammys deste ano

  • ECO
  • 13 Fevereiro 2017

Numa altura em que o Youtube e o Spotify conquistam cada vez mais adeptos, a empresa que detém, entre outras, a Columbia Records, foi a rainha da noite, com os seus artistas a conseguirem 27 prémios.

O que têm em comum Adele, Beyonce e David Bowie, para além de serem nomes incontornáveis do panorama musical e de terem vencido as grandes categorias da 59ª edição dos Grammys, na noite deste domingo? Têm o facto de serem todos artistas da Columbia Records, que pertence à gigante Sony. Por isso a companhia e o seu futuro CEO, Rob Stringer, ao fim ao cabo, foram os grandes vencedores da noite.

A Columbia Records tem 130 anos e representa ou já representou a maioria das grandes estrelas do mundo musical, de Bruce Springsteen a David Bowie, passando por Bob Dylan, George Michael, Frank Sinatra ou Leonard Cohen. A lista continua, até com alguns dos nomes mais sonantes do panorama musical nos últimos anos, como One Direction, John Legend, Calvin Harris ou John Mayer. E no seu reportório estão incluídas precisamente as duas grandes artistas vencedoras da noite de domingo, Adele e Beyonce.

Adele segura os cinco troféus que venceu na 59º cerimónia anual dos Grammy no Staples Center em Los Angeles. EPA/MIKE NELSONEPA/MIKE NELSON 12 fevereiro, 2017

Beyonce já está ligada à Columbia Records desde os seus tempos no trio Destiny’s Child, e Adele trabalhou com a empresa nos três álbuns que editou até agora. E na 59ª cerimónia dos Grammys, que ocorreram neste domingo no Staples Center, em Los Angeles, as duas artistas brilharam.

Adele venceu em todas as categorias para que estava nomeada, levando para casa os cinco principais prémios da noite: Álbum do Ano e Melhor Álbum Pop Vocal com “25”, Canção do Ano e Gravação do Ano com “Hello” e Melhor Performance Pop. Estas vitórias fazem dela a primeira artista a conseguir os três principais galardões mais que uma vez, e também a primeira mulher a conseguir o Melhor Álbum do Ano por duas vezes.

Beyonce venceu duas das nove categorias para as quais estava nomeada: Melhor Álbum Urbano com “Lemonade” e Melhor Videoclip, pela música “Formation”.

David Bowie foi o terceiro nome mais sonante da noite, tendo ganho os cinco prémios póstumos para os quais estava nomeado: Melhor Performance Rock e Melhor Canção Rock com “Blackstar” e Melhor Álbum Alternativo com “Blackstar”.

A grande campeã é a Sony

O sucesso de Adele, Beyonce e David Bowie é uma das grandes razões para Stringer ser apontado como sucessor de Doug Morris como próximo CEO da Sony, companhia-mãe da Columbia Records e a segunda maior discográfica do mundo. Se for escolhido, Stringer vai assumir o cargo em abril deste ano, o que representa uma transição tanto para si como para a discográfica e a indústria da música em si.

Ao mesmo tempo que as empresas do mundo da música lutam para se adequarem à nova realidade, os fãs estão a deixar os CDs e a passarem para o iTunes, Spotify e Youtube, Stringer vai depender mais que nunca das maiores estrelas da Sony para continuarem a impulsionar uma companhia que, sozinha, foi responsável por 1,5 mil milhões de dólares em vendas no último trimestre do ano passado.

Mas os maiores serviços de streaming de música já conseguem lucros muito superiores aos das lojas de música, físicas e online, nos Estados Unidos. O seu crescimento tem vindo a dinamizar os lucros da indústria musical ao longo dos últimos dois anos, pela primeira vez desde o pico na compra de CDs, no final da década de 90. No entanto, as discográficas ainda estão a tentar chegar a acordo com os responsáveis destes serviços inovadores quanto à percentagem de música que devia estar limitada aos subscritores que pagam para lhe terem acesso e à percentagem que deve ser completamente livre e grátis, apoiada unicamente pela publicidade, que não é assim tão lucrativa para a indústria.

Serviços como o Youtube ou o Spotify já misturam serviços pagos com gratuitos, mas há artistas que se recusam a fazer parte deles. Adele e Beyonce, por exemplo, começaram por recusar terem os seus álbuns disponíveis na maioria dos serviços de streaming, e no caso de Beyonce, o álbum “Lemonade” continua indisponível no Spotify e no Apple Music. Está, em contrapartida, disponível no Tidal, a plataforma de streaming detida por Jay-Z, marido de Beyonce.

Rihanna, Drake e Chance de Rapper — os dois últimos também levaram para casa vários Grammys — escolheram lançar exclusivamente os seus álbuns e singles no Apple Music e no Tidal, que são serviços pagos, e mantiveram-nos lá durante algum tempo, antes de os disponibilizarem também noutras plataformas.

O Spotify, o Youtube e o Apple Music têm vindo a tentar seduzir artistas, managers e membros de algumas discográficas com publicidade grátis. Isso, aliado aos restantes obstáculos que as velhas companhias que detêm discográficas têm pela frente, tornam o seu futuro ainda mais incerto. E este ano, pela primeira vez, um artista completamente independente arrecadou três Grammys pelo álbum que lançou em exclusivo no Apple Music. Com “Coloring Book”, Chance The Rapper venceu Melhor Álbum Rap, Melhor Performance Rap com “No Problem” e Artista Revelação. Um artista que escolheu não se associar a nenhuma companhia e tratar de todo o processo de edição e lançamento da sua obra sozinho.

“Sei que as pessoas pensam que a independência significa fazeres as coisas por ti mesmo, mas o que independência significa é liberdade”, afirmou o artista.

Discos e os vinis não morreram

O álbum “25” de Adele quebrou o recorde do número de álbuns vendidos numa semana, quando foi lançado em novembro de 2015, e foi o álbum mais bem-sucedido de 2016, de acordo com a Billboard. O álbum “Lemonade” de Beyonce foi o quarto mais vendido. Também “Blackstar”, o último álbum que David Bowie lançou, apenas dois dias antes de morrer, vendeu 146 mil cópias só na primeira semana, no Reino Unido, e mais de 181 mil nos Estados Unidos. No Reino Unido, quatro outros álbuns do artista, além de “Blackstar”, mantiveram-se no top 10, e outros sete mantiveram-se no top 40, igualando, desta forma, o recorde de Elvis Presley. A nível da Internet, na semana do lançamento de “Blackstar”, de 11 a 17 de janeiro, o álbum conseguiu o maior número de downloads do iTunes em 25 países.

Bowie foi o artista com o maior número de vinis vendidos no ano passado no Reino Unido, com cinco dos seus álbuns no top 30 dos vinis, e “Blackstar” foi o mais vendido do ano. Vendeu o dobro das cópias do segundo classificado, “25” de Adele.

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