O Palácio do Tempo em Jerez de la Frontera

  • Fernando Correia de Oliveira
  • 4 Agosto 2017

Nas adegas, há vinho e tapas, pata negra e queijos. Numa Andaluzia escaldante, ignorámos as praias e fomos à descoberta de um tesouro escondido, o Palacio del Tiempo, um museu de relojoaria.

O museu fica situado no palacete “La Atalaya”, construção neoclássica-vitoriana, rodeada de belos jardins e de aves exóticas, sobretudo pavões reais. Um oásis na periferia de Jerez de la Frontera, conhecida pelos portugueses pelo vinho generoso que produz e pelo circuito para desportos motorizados.

Poucos espanhóis a conhecem, é praticamente desconhecida dos portugueses – mas, naquele palácio está uma das mais variadas colecções de relógios da Europa, constituída a partir de um núcleo, em 1972.

Foi nesse ano que se organizou uma exposição de peças originárias de um Convento dos Frades Capuchinhos local, que as herdaram por legado testamentário da Condessa viúva de Gavia (do Castelo de San Marcos, no Porto de Santa Maria). Foi deste modo que se adquiriram 152 relógios com que se inaugurou o museu, a 20 de março de 1973.

No ano seguinte, foram acrescentados 74 relógios à coleção, provenientes do legado Pedro León. Em 1977, nova ampliação, com uma centena de exemplares provenientes do mesmo colecionador. É desta forma que se atingem os 302 relógios atuais. Juridicamente, a coleção pertence à Fundação Andrés de Ribera, dependente da autarquia de Jerez.

Museologicamente, o Palácio do Tempo tem soluções muito interessantes – todas as salas isoladas com cortiça, melhorando a sonoridade e a amplitude térmica; luz apropriada; decoração e música correspondendo a cada sala e a cada período da relojoaria; efeitos especiais, com hologramas de figuras ligadas à relojoaria.

Mantendo um conservador a tempo inteiro, o museu consegue ter a totalidade dos relógios em funcionamento. Cronologicamente, abrange os séculos XVII a XIX, sendo rico sobretudo em exemplares da escola francesa e, desta, do período Império. Mas há também bons relógios de lareira e de pé alto de escola inglesa. Existem também exemplares italianos, suíços, austríacos ou alemães.

Os chamados métiers d’art estão aqui muito bem representados, quer em materiais quer em iconografia usados nas caixas – a mitologia clássica, sobretudo.

Nomes da história da relojoaria como Le Roy, Berthoud, Lepaute, Frodsham ou Markham têm ali peças de sua autoria. Quanto a complicações relojoeiras, elas são sobretudo sonoras — além de carrilhões com toque Westminster, há-os com outros toques. Calendários completos, com fases de lua, reguladores de segundos mortos e misteriosos chamarão a atenção dos mais ligados à parte técnica da relojoaria.

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