Desemprego espanhol fecha 2016 com queda histórica

  • Marta Santos Silva
  • 4 Janeiro 2017

Há menos 390 mil desempregados, mas as estatísticas mostram um problema: sete em cada dez empregos criados nesta recuperação são a termo. O Governo não fecha a porta a emendar a reforma laboral.

O desemprego espanhol voltou a cair em dezembro, fechando um ano que representou uma queda histórica: 2016 acaba com menos 390.543 pessoas do que começou. A descida de 9,54% num ano é a mais acentuada desde o princípio da série do Ministério do Emprego e Segurança Social, em 1996.

Espanha entra assim em 2017 com 3,7 milhões de desempregados, após uma redução em dezembro motivada em parte pelas contratações de época de Natal, escreve o El Mundo. Após uma subida acentuada do desemprego entre 2007 e 2012, desde 2013 que a quantidade de pessoas sem emprego tem vindo a diminuir.

Nos últimos quatro anos, mais de um milhão de pessoas em Espanha deixaram de estar desempregadas. Em 2016 a redução veio em todos os setores, com especial destaque para os serviços e para a construção — neste último, o desemprego caiu 17%. Também entre os jovens menores de 25 anos a queda foi superior à média geral: diminuiu 13,9% entre 2015 e 2016.

No entanto, existem indicações de que nem tudo é positivo nestes números. Dados do Inquérito à População Ativa divulgados pelo Cinco Días mostram que sete em cada dez empregos criados durante a recuperação que começou em 2013 são contratos a termo certo. Cerca de 26,9% da população empregada em Espanha trabalha com um contrato a termo certo, o que está próximo de máximos históricos.

Mesmo no setor público espanhol o problema é visível: um em cada quatro trabalhadores da Administração Pública tem contratos a termo certo, diz o mesmo jornal.

E não é este o único aspeto que permite concluir que o mercado de trabalho se precariza cada vez mais em Espanha. Os setores onde mais se gerou emprego — com exceção da indústria manufatureira — registam também salários abaixo da média: o setor do comércio e o da hotelaria estão entre eles.

A comentar os números do desemprego, o secretário de Estado do Emprego Juan Pablo Riesgo disse que o Governo está disposto a discutir, em sede de concertação social, alterações à reforma laboral espanhola, mas não estaria pronto para a revogar totalmente: “Devemos ter em conta a maior redução do desemprego da série histórica”, disse Riesgo, citado pelo Expansión, dizendo que os números indicam que não sejam necessárias “mudanças significativas”.

A legislação de mercado de trabalho aprovada pelo partido de Mariano Rajoy é uma das grandes conquistas recentes do PP, mas já na semana passada o Governo minoritário abria a porta a fazer-lhe mudanças, no sentido de fazer concessões para procurar apoio noutras questões junto das restantes bancadas.

Notícia atualizada às 11.45 com as declarações do secretário de Estado.

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