Governo chinês vai passar a ter acesso aos dados guardados no iCloud

A partir de fevereiro, os dados armazenados no iCloud serão geridos por uma empresa de gestão de dados. O problema é que terá sido criada pelo governo de uma província do país.

A Apple notificou os seus utilizadores em território chinês de que, a partir do próximo mês, o Governo chinês vai ter acesso aos dados armazenados nas contas iCloud. Esta decisão surge na sequência de uma alteração legislativa imposta o ano passado pela China às empresas tecnológicas que operam no país.

Os detentores de iPhone já começaram a ser notificados, de acordo com a informação avançada pelo Quartz (conteúdo em inglês). A empresa de Steve Jobs viu-se obrigada a ceder e, a partir do final de fevereiro, todos os dados que os utilizadores do iCloud armazenem na sua “nuvem”, poderão ser acedidos pelo Governo do país. Em 2017, a China impôs novas leis para as empresas de tecnologia internacionais que estão presentes no país, numa altura em que aumentam as tensões entre os Estados Unidos e o país relativamente às ofertas de tecnologias fronteiriças.

Esta decisão aplica-se a todos os utilizadores com contas chinesas, excluindo turistas, e os dados serão geridos pela empresa Guizhou-Cloud Big Data (GCBD), com a qual a Apple estabeleceu uma parceria em julho do ano passado, construindo um centro de dados, noticiava a Reuters (conteúdo em inglês). A GCBD foi fundada em 2014 pelo Governo local da província de Guizhou, no sul da China.

A partir de 28 de fevereiro de 2018, os serviços do iCloud associados à sua ID da Apple serão geridos pela GCBD“, pode ler-se no email enviado pela empresa da maçã. “O uso desses serviços e todos os dados que o utilizador armazena no iCloud — incluindo fotos, vídeos, documentos e backups, estarão sujeitos aos Termos e Condições do iCloud operado pela GCBD”.

Estes novos “Termos e Condições” não diferem dos da Apple, à exceção de um parágrafo: “Se entender e concordar, a Apple e a GCBD têm o direito de aceder aos seus dados armazenados nos servidores. Isso inclui partilha de permissões, troca e divulgação de todos os dados do utilizador (incluindo conteúdo) de acordo com a aplicação da lei”. A nova lei exige que as empresas internacionais armazenem todos os dados dos utilizadores dentro das fronteiras do país.

Estas alterações levantam problemas de privacidade por parte dos utilizadores, que temem ver os seus dados acedidos pelo Governo do país. A China tem um histórico de situações relacionadas com acesso a dados privados, nomeadamente conversas de chat nas redes sociais, em que acaba por punir os cidadãos que espalham informações críticas sobre o Governo.

No entanto, a Apple já descansou os seus utilizadores, assegurando: “Devido ao nosso compromisso com a transparência, haverá uma série de comunicações com utilizadores ao longo das próximas sete semanas para garantir que estejam bem informados sobre as próximas mudanças. A Apple possui uma forte proteção de privacidade e segurança dos dados e nenhuma “porta traseira” será criada em qualquer um dos nossos sistemas“, avançou a empresa.

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