Grupo EDP cai em bolsa. Renováveis sofre com falta de liquidez e EDP com a seca e a regulação

As duas cotadas do universo EDP estão a sofrer fortes perdas em bolsa nesta manhã, levando o índice bolsista nacional a registar uma desvalorização em torno de 1%.

A praça lisboeta está a registar fortes perdas na última sessão da semana, destacando-se com o pior registo a nível europeu. O PSI-20 cai 1%, pressionado pela derrapagem dos títulos do universo EDP.

O índice de referência da bolsa nacional recua 0,98%, para os 5.393,2 pontos. As ações da EDP caem 3,68%, para os 2,984 euros, enquanto as da EDP Renováveis tombam 4,04%, para os 6,87 euros, para mínimos do início de setembro. Mas os títulos da empresa liderada por Manso Neto já estiveram a derrapar 5,25%, para os 6,783 euros.

Relativamente à EDP Renováveis não existem notícias que diretamente possam justificar uma queda tão acentuada das suas ações, podendo a queda dever-se em parte à menor liquidez do título. “Não há notícias para já que justifique uma queda destas, mas tendo em conta que a EDP Renováveis ficou com menos liquidez desde a OPA da EDP, isto poderá justificar movimentos mais voláteis“, diz Albino Oliveira, analista da Patris Investimentos, desvalorizando ainda qualquer ligação com os resultados que a empresa apresentou, já que esta divulgação já foi na terça-feira passada.

Mas essa interpretação já poderá servir para explicar a desvalorização que as ações da EDP estão a sofrer esta manhã. A empresa liderada por António Mexia apresentou nesta quarta-feira o balanço das suas contas relativo aos nove primeiros meses do ano, sendo que viu os seus lucros crescerem 86%, para os 1.147 milhões de euros. Contudo, este resultado foi influenciado pela venda da Naturgas. Sem esse efeito extraordinário, os lucros teriam subido apenas 3%, de 615 milhões para 633 milhões de euros.

“As ações da EDP provavelmente estão a reagir a esses resultados que foram fracos, apesar de já ser esperado, devido às condições meteorológicas que prejudicaram a sua atividade na Península Ibérica. Perante a ausência de notícias, faz sentido que em reflexo dos resultados de ontem [quarta-feira] as ações da EDP estejam a cair”, refere o analista da Patris.

A questão da seca que se vive em Portugal é uma ameaça para a EDP no próximo ano, já que menos chuva significa barragens menos cheias e em consequência obriga a EDP a desviar a produção de energia para as centrais termoelétricas, o que deverá pesar nos custos da empresa. Isto porque, de acordo com o Orçamento do estado para 2018, o Governo pretende implementar uma taxa extra sobre as empresas que utilizem carvão ou derivados do mesmo para a produção de energia.

Além da questão meteorológica, também as notícias de âmbito regulatório não têm sido favoráveis à empresa, sendo que as casas de investimento começam a elevar o nível de alerta em relação ao título, antecipando um ano “difícil” em 2018.

“A estratégia está em linha mas as margens apertadas na Ibéria e os cortes regulatórios em Portugal antecipam um ano de 2018 difícil e os 886 milhões de euros de consenso para o resultado líquido podem ser demasiado otimistas neste momento“, alerta o CaixaBank BPI numa nota enviada aos clientes esta quarta-feira.

A mesma preocupação é revelada pelo Haitong. O banco de investimento “Tememos que a evolução dos resultados continuem a ser desfavoráveis para as ações durante algum tempo, nomeadamente devido às recentes decisões regulatórias negativas em Portugal, o que poderá a recuperação do sentimento dos investidores em relação à EDP.

(Notícia atualizada às 10h49 com mais informação e novas cotações)

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