A montanha de dívida criou um problema de quatro biliões ao BCE

Responsáveis do banco central tentam descalçar a bota sem assustar investidores. Mario Draghi fala hoje aos jornalistas após reunião do Conselho de Governadores. Retirada dos estímulos em foco.

Uma montanha de dívida criou um problema de mais de quatro biliões de euros ao Banco Central Europeu (BCE). O banco central esteve a comprar obrigações dos governos da Zona Euro de forma mais intensa nos últimos dois anos, uma política pouco convencional e que visava dar força à retoma económico. Mario Draghi prepara agora a retirada deste programa. Mas os investidores não querem ouvir falar disso — tal como ficou comprovado com as declarações do presidente do BCE em Sintra.

O BCE volta esta quinta-feira a centrar as atenções dos mercados. Não se esperam grandes surpresas naquilo que está atualmente em cima da mesa. Mas, nos bastidores da sede do BCE em Frankfurt, há já uma equipa técnica do banco central que está agora a preparar planos alternativos para colocar em prática assim que o programa de compra de ativos públicos chegar ao seu fim. Decisões que só serão conhecidas depois do verão, provavelmente na reunião de setembro, segundo adiantaram várias fontes à Bloomberg.

Para já, o assunto do tapering é tabu no seio do Conselho de Governadores do BCE. Mesmo o facto de o staff do BCE estar a estudar alternativas não significa que mudanças na política de estímulos estejam iminentes, disseram as mesmas fontes. E a preocupação neste momento é manter a comunicação e linguagem para não assustar os investidores, tal como aconteceu quando a mensagem de Draghi transmitida em Sintra foi mal interpretada pelos investidores e levou a um agravamento acentuado dos juros da dívida na região.

BCE tem mais de quatro biliões de euros em dívida pública da Zona Euro

Banco Central Europeu

“Esperamos que Draghi reitere a sua mensagem sobre a política, mesmo que aproveite apenas a oportunidade para anunciar o que pretende fazer em setembro”, refere Franck Dixmier, da Allianz Global Investors, numa nota ao investidores a que o ECO teve acesso. “Partilhamos a visão de consenso que o tapering deve começar no início do próximo ano, com uma primeira subida nos juros dos depósitos a partir daí. Absolutamente, Mario Draghi deverá enfatizar três palavras: gradual, lento e cauteloso”, frisou Dixmier.

Atualmente, o BCE tem mais de quatro biliões de euros em títulos de dívida dos governos da região. Está previsto até final do ano que a autoridade continue a engordar o seu balanço a um ritmo mensal de 60 mil milhões de euros.

Embora o crescimento económico e o emprego na Zona Euro continuem a melhorar, aquilo que continua a preocupar os responsáveis do banco central é sobretudo a inflação. Os preços desaceleraram em junho para uma taxa de 1,3%, afastando-se do objetivo de médio prazo de uma taxa de inflação perto, mas abaixo de 2%.

"Partilhamos a visão de consenso que o tapering deve começar no início do próximo ano, com uma primeira subida nos juros dos depósitos a partir daí. Absolutamente, Mário Draghi deverá enfatizar três palavras: gradual, lento e cauteloso.”

Franck Dixmier

Allianz Global Investors

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