James Dickerson: “Há risco de o mercado das fintech ficar saturado”

James Dickerson, da Accenture, é responsável por uma incubadora de startups financeiras em Londres. Estará em Lisboa esta segunda-feira, na conferência NEWmoney do ECO. O que irá lá dizer?

James Dickerson gere uma incubadora de fintechs em Londres.PAULA NUNES/ECO

Participam duas dezenas de startups no programa de aceleração “Fintech Innovation Lab” em Londres, Reino Unido. Trata-se de uma incubadora da Accenture focada nas tecnologias inovadoras para o setor financeiro. Como responsável tem James Dickerson, que estará esta segunda-feira em Lisboa como um dos oradores principais da conferência NEWmoney do ECO.

Trata-se de uma iniciativa que irá decorrer durante a manhã de 3 de abril, no Museu do Dinheiro, Banco de Portugal. Em cima da mesa, questões como qual é o futuro do dinheiro, o que é a blockchain, como funciona o universo das fintech (startups tecnológicas do setor financeiro), entre muitas outras. Conheça o programa completo neste artigo.

Como forma de antecipação, colocámos algumas dessas questões, por e-mail, ao também gestor da consultora. Durante quanto mais tempo viverá o dinheiro físico? “É desafiador dizer quando é que o dinheiro será 100% digital, tendo em conta que cada mercado tem os seus próprios desafios e dinâmicas em jogo”, começa por dizer. “No entanto, o caminho em direção ao fim do dinheiro [físico] é evidente. Esta transição irá continuar a acelerar”, acrescenta.

Aponta a Diretiva Europeia dos Serviços de Pagamento, que terá de ser transposta para a legislação dos Estados-Membros da União Europeia até 2018, como um dos próximos motores para essa transição. “Vai ajudar a acelerar ainda mais, enquanto a proliferação de novos produtos digitais e serviços vai proporcionar experiencias bancárias de uma nova geração“, sublinha James Dickerson.

Questionado sobre o papel da blockchain, a tecnologia que promete revolucionar a banca, nessa mudança, o responsável da Accenture garante não ser um especialista nela, mas que lhe reconhece “o potencial”: “O pragmatismo está agora a substituir o entusiasmo à volta da blockchain“, explica. “Em vez de a blockchain ser considerada a bala de prata dos serviços financeiros, os tecnólogos estão agora a ver onde é que a tecnologia pode ser aplicada em casos de uso sensíveis para trazer benefícios tangíveis, especificamente, redução dos custos e uma maior transparência”, remata.

Conseguirão as pequenas fintech conviver com as gigantes do setor financeiro? James Dickerson acredita que sim. “Sabemos que o mundo é melhor quando [trabalhamos] juntos. Ultimamente, as fintechs e bancos que procuram trabalhar juntos são os que mais chances têm de sobreviver. Isto torna-se evidente com o crescente número de parcerias no mercado”, reitera.

Uma das preocupações no setor é a de que o boom tecnológico se traduza numa saturação do mercado, receios de que James Dickerson também partilha. “Eu acredito que há potencial de o mercado das fintech ficar saturado, com a inundação de proposições de B2C [business-to-consumer, negócios com foco no consumidor] e B2B [business-to-business, negócios com um foco mais corporativo] no mercado. No entanto, não acredito necessariamente que os reguladores tenham de intervir. As forças de mercado irão corrigir onde é necessário“, garante o responsável.

Sobre o que irá dizer na conferência do ECO em Lisboa, diz apenas que vai “partilhar a última perspetiva da Accenture na paisagem das fintech e como ela está a evoluir”. James Dickerson vai falar como keynote speaker na conferência NEWmoney esta segunda-feira, entre as 11h15 e as 11h45. O evento tem início às 9h00. As inscrições esgotaram, mas todos os painéis serão transmitidos em direto no site do ECO e redes sociais.

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