Segundo resgate. Governo pede “máximo cuidado” aos comissários

  • Margarida Peixoto
  • 3 Outubro 2016

Já não é a primeira vez que Portugal e "segundo resgate" são colocados na mesma frase. Santos Silva pede "máximo cuidado" aos comissários.

“Máximo cuidado” — este é o pedido que Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, dirigiu aos comissários europeus, esta segunda-feira, depois de a palavra “Portugal” ter voltado a aparecer na mesma frase que a expressão “segundo resgate”. Não foi a primeira vez. Nem a segunda.

“É muito importante que os responsáveis políticos, neles incluídos os membros da Comissão Europeia, tenham o máximo cuidado e o máximo sentido de responsabilidade nas declarações públicas que fazem”, disse o governante, em declarações à Lusa.

“Nós todos, quando fazemos declarações públicas, enquanto agentes políticos, quando intervimos no debate político, devemos usar de sensatez e sentido de responsabilidade”, frisou Santos Silva. E somou: “Se não conhecemos bem a realidade que comentamos, não devemos comentá-la”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros afastou a possibilidade de Portugal ter de voltar a pedir ajuda internacional e defendeu que o país “vive hoje uma situação orçamental absolutamente tranquila”. Argumentou que “a execução orçamental tem corrido bem, dentro das margens de segurança do Orçamento do Estado e permitindo reduzir consistentemente o défice”. Além disso, “a economia portuguesa está a crescer, o desemprego está a baixar”, defendeu.

Segundo o governante, “não há nenhum indicador que permita ter uma atitude pessimista face à evolução da economia portuguesa e das suas finanças públicas”.

Oettinger, Schäuble e o próprio Centeno

O problema é que Günther Oettinger tinha admitido, horas antes, a possibilidade de Portugal ter de voltar a pedir ajuda internacional.

“A preocupação – agora vou dizer isto não publicamente – seria se Portugal precisasse de um segundo programa de ajuda. Não sei qual a probabilidade, mas é maior do que zero por cento. É maior do que zero por cento. Um segundo programa para financiar o vosso orçamento. Posso imaginar, porque se calhar ainda precisam de mais cinco anos”, disse o comissário alemão.

Mais tarde, quando questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de um segundo resgate, Günther Oettinger disse estar “confiante e otimista” quanto ao Orçamento do Estado português para 2017 e afastou o cenário de novo resgate, mas avisou que os Estados-membros devem manter-se sob o “chapéu” das instituições europeias.

“Penso que não é necessário um segundo resgate, isso só [aconteceria] no pior cenário. Temos de fazer o que pudermos para evitar tal desenvolvimento”, disse o comissário.

O que disse Oettinger na Assembleia da República

Esta não é a primeira vez que um líder político fala sobre a possibilidade de Portugal pedir novamente ajuda financeira para evitar a bancarrota. Em meados de setembro, Mário Centeno, ministro das Finanças, foi confrontado pela CNBC sobre o assunto. Evitar um segundo resgate “é a minha principal tarefa”, respondeu o ministro português, acabando por reforçar a pertinência da questão.

Em junho, tinha sido o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, a lançar a confusão, e o sinal de alarme, sobre Portugal. Começou por dizer à Bloomberg que Portugal iria “pedir um novo programa”, para depois se corrigir e frisar que “Portugal não quer um novo programa e não vai precisar dele se cumprir as regras europeias”. Também nessa altura o Governo de Costa desmentiu a ideia.

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