Além dos 410,1 mil desempregados, há ainda mais 415,8 mil ‘subutilizados’

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 9 Maio 2018

Entre desempregados, pessoas que gostariam de trabalhar mais horas e inativos que não estão disponíveis para trabalhar ou não procuram emprego, a subutilização do trabalho abrange 825,9 mil.

No primeiro trimestre do ano, Portugal contava com 410,1 mil desempregados, mas existem outros grupos que não estão a ser totalmente aproveitados pelo mercado de trabalho. Há pessoas que gostariam de trabalhar mais horas, inativos que procuram emprego mas não estão disponíveis para trabalhar ou, ao invés, que estão disponíveis mas não procuram emprego. Tudo somado, são 825,9 mil pessoas. Mas o número que tem vindo a recuar.

Em causa está a “subutilização do trabalho”, um indicador mais abrangente, que vai além dos dados do desemprego. Olhando só para o número de desempregados, estão em causa 410,1 mil pessoas nos primeiros três meses do ano. Mas o número duplica considerando as restantes situações:

  • 410,1 mil desempregados
  • 199,4 mil trabalhadores a tempo parcial que pretendiam e estavam disponíveis para trabalhar mais horas (subemprego de trabalhadores a tempo parcial)
  • 16,8 mil inativos à procura de emprego mas não disponíveis para trabalhar
  • 199,6 mil inativos disponíveis mas que não procuram emprego

Os dados, divulgados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) dão conta de recuos, trimestrais e homólogos, em todos os casos.

“A população desempregada e a subutilização do trabalho têm descrito uma trajetória descendente desde o primeiro trimestre de 2013, acumulando até ao momento uma diminuição de 55,8% e de 43,8%, respetivamente (abrangendo 516,7 mil e 643,7 mil pessoas).

Se a taxa de desemprego é de 7,9% nos primeiros três meses do ano, a de subutilização de trabalho (que tem em conta o conceito de população ativa alargada) atinge 15,2%. Ainda assim, abaixo da taxa de 15,5% no último trimestre de 2017 ou de 18,2% no período homólogo.

A leitura deste indicador aconselha, porém, a alguma prudência. O INE alerta que se trata de “uma medida que sobrestima a subutilização do trabalho”. Desde logo porque no caso de subemprego de trabalhadores a tempo parcial, “não considera as horas de trabalho realizadas por estes empregados (tipicamente, as horas trabalhadas correspondem a metade do total desejado)”. Depois, porque “sobrestima a população ativa alargada, uma vez que os dois subgrupos de inativos considerados têm, em geral, uma menor ligação ao mercado de trabalho do que os desempregados, o que se traduz na existência de uma menor probabilidade de transição para a população ativa, de uma maior proporção de pessoas que nunca trabalharam ou que deixaram de trabalhar há mais de dois anos e de uma menor proporção de pessoas que se auto classificam como desempregadas”.

Jovens ‘nem-nem’ representam 10,5%

Número de jovens que não estudam nem trabalham caiu em termos homólogos mas aumentou ligeiramente em cadeia: de 233,9 mil no último trimestre de 2017 para 234,1 mil já no início deste ano.

De acordo com os dados do INE, do universo de 2,2 milhões de jovens (entre os 15 e os 34 anos), 10,5% não estavam empregados, nem a estudar ou em formação. A taxa manteve-se inalterada face ao trimestre anterior, caindo 1,3 pontos percentuais em comparação homóloga.

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