O dia em que Alexandre Fonseca entrou na novela da TVI

Foi a 21 de novembro que Alexandre Fonseca se tornou presidente executivo da Altice Portugal, a empresa que quer comprar a dona da TVI. Passou a ter um papel relevante no negócio do ano.

Alexandre Fonseca é, desde novembro, líder da Altice Portugal. Vai dar o corpo às balas nos próximos capítulos do maior negócio do ano: a compra da Media Capital pela Meo.Paula Nunes / ECO

Terça-feira, 21 de novembro. O dia em que Alexandre Fonseca subiu a presidente executivo da Altice Portugal, ganhando um papel relevante no negócio do ano: a compra da Media Capital, dona da TVI. A notícia não causou surpresa. Um dia antes, já o ECO tinha noticiado a demissão de Cláudia Goya, sua antecessora, que viria a subir a chairman não executiva na sequência de uma demissão de última hora: a de Paulo Neves, antigo presidente da PT, que ocupava o cargo de chairman executivo.

Parece complicado? Era também assim o cenário na dona da PT, quer em Portugal, quer lá fora. Michel Combes, então presidente do grupo Altice a nível internacional, tinha sido afastado da multinacional no início do mês devido aos fracos resultados do terceiro trimestre: a operadora SFR em França, que é o principal negócio do grupo, tinha perdido clientes, enquanto as receitas da Meo caíram 3%, para 566,2 milhões de euros.

Patrick Drahi, não estava contente. A Altice afundava em bolsa a olhos vistos desde a divulgação dos números e o patrão do grupo registava milhares de milhões de euros de perdas potenciais. A 21 de novembro, os títulos já tinham derrapado quase 49% em Amesterdão e viriam a prolongar a queda até perto dos 59%, um mínimo de 6,634 euros alcançado no último dia do mês. Tudo graças aos receios dos investidores de que não havia liquidez para pagar a dívida que a companhia acumula. São mais de 50 mil milhões de euros, acumulados durante anos e anos de aquisições… como a da PT/Meo em 2015.

O grupo veio logo dar garantias de que não havia problema quanto à dívida, até porque só começa a vencer em 2022, mas nem isso acalmou os acionistas. Para travar a queda, a empresa viu-se obrigada a parar com as compras e a desencadear um plano de venda de ativos como datacenters na Suíça, torres de telecomunicações na Europa e o negócio inteiro no mercado da República Dominicana.

Mas a saída de Michel Combes, substituído por Dexter Goei, provocou ondas de choque em Portugal. Cláudia Goya, na liderança da Altice Portugal há apenas quatro meses, que teria sido escolhida por Combes para aquela posição, acabaria por ser afastada para segundo plano, abrindo espaço à subida de Alexandre Fonseca ao mais alto cadeirão da empresa no mercado português.

Alexandre Fonseca é o novo presidente executivo da Portugal Telecom e, com efeito imediato, passa a liderar a empresa de telecomunicações da Altice em Portugal.

Altice Portugal

Em comunicado

Quem era Alexandre Fonseca naquela altura? Era o administrador tecnológico da Altice Portugal. Antes, tinha sido administrador tecnológico da Cabovisão entre 2012 e 2013 e saíra do cargo para se tornar presidente executivo da Oni Telecomunicações, no tempo em que a empresa foi comprada pela Altice por 83 milhões de euros. Nesse período, Alexandre Fonseca juntou-se ao universo Altice para não mais o abandonar até hoje. É ainda visto como um homem de confiança de Armando Pereira, o sócio de Patrick Drahi na Altice.

E o que era a Altice Portugal naquela altura? Em linhas gerais, o mesmo que agora: a dona da maior operadora em termos de quota de mercado, que quer comprar o maior grupo de media do país. O negócio da compra da Media Capital, detida pelos espanhóis da Prisa, ainda depende da aprovação da Autoridade da Concorrência, que está longe de ser garantida. A aquisição encontra-se avaliada em 440 milhões de euros e permitirá à empresa espanhola ter mais liquidez para pagar a sua própria dívida, que vence no primeiro semestre de 2018.

Aos comandos da nave, Alexandre Fonseca deixou de falar só pela tecnologia da Altice e passou, desde aquela terça-feira, 21 de novembro, a dar o corpo às balas por este negócio. Até porque a compra da dona da TVI pela Meo tem merecido forte oposição por parte das operadoras concorrentes e também da Impresa, a dona da SIC. Com a AdC ainda avaliar o negócio, e algumas vozes que já vieram pedir que o dossiê recue para nova avaliação da ERC já na plenitude das suas funções, irá certamente continuar a preencher a agenda do gestor.

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