Marques Mendes: “Centeno na liderança do Eurogrupo é válvula de segurança contra aventuras” orçamentais

Luís Marques Mendes considera que a eleição de Mário Centeno para a presidência do Eurogrupo "é boa para Portugal". E será garante da boa gestão das contas públicas do país.

Mário Centeno avançou com a candidatura para a liderança do Eurogrupo. Marques Mendes acredita no sucesso da candidatura do ministro das Finanças do Governo de Costa, considerando positivo para o país que Centeno assuma o cargo. Pelo prestígio, mas principalmente porque, diz, será garante de que as contas públicas não vão derrapar.

“A presença de Centeno no Eurogrupo é uma válvula de segurança contra excessos de despesismo, derrapagens orçamentais…”, disse Marques Mendes no espaço de comentário semanal da SIC. “Quem preside tem de dar o exemplo. Não passa pela cabeça que nestes dois anos haja aventuras. Isto é bom”, salienta.

Mas há mais razões. Portugal vai participar “na reforma da Zona Euro”, numa altura em que surgem ideias de criar um orçamento próprio da Zona Euro, de haver um um ministro das Finanças para os país do euro. “Não vai ser Centeno a ditar o modelo — essa é uma decisão de França e da Alemanha, mas vai participar na concretização do modelo“, nota.

A “ideia de que Portugal vai mudar a política europeia é impossível, mas na futura reforma da Zona Euro, a sensibilidade de Portugal pode ter influência”, defende o comentador, salientando, além destes fatores, um outro: “Prestígio. Dá prestígio. Portugal era, há três anos, um país sob resgate, e agora vai liderar o Eurogrupo”.

Mais complicado para os parceiros

Centeno tem esta segunda-feira a votação que decidirá se ganha ou não a corrida para a liderança do Eurogrupo. Mas logo a partir do momento em que oficializou a sua candidatura, os partidos que suportam a coligação teceram críticas à decisão. Os “parceiros não gostaram” porque deixa de haver margem para excessos orçamentais.

Além disso, tanto PCP como o Bloco de Esquerda “são contra a Zona Euro. Ter Centeno no Eurogrupo é ter um representante a liderar o inimigo”, notou Marques Mendes.

“O que leva PCP e BE a discordarem, que cria atrito na geringonça, é que a desculpa que se encontra quando as coisas não correm bem, que é dizer que Bruxelas não deixa, desaparece. Quando o disserem, a oposição diz que Bruxelas tem lá Mário Centeno”, destacou.

Geringonça treme? Não

Centeno no Eurogrupo não cai bem na geringonça, mas o apoio à solução governativa não desaparece. É que, diz Marques Mendes, nenhum dos partidos da coligação quer provocar uma crise. Se quisesse, haveria motivos. O BE, por exemplo, teve oportunidade com a questão da taxa das renováveis, um dossiê que revelou a “descoordenação deste Governo”.

“O BE queria taxar a empresas de energias renováveis. O PS, primeiro vota a favor, depois recua. É uma cambalhota monumental. Isto é descoordenação dentro do Governo”, disse, classificando-a de “a asneira da semana”. Isto numa altura em que, diz, “gestão política é caótica”.

“Aparentemente, a proposta foi negociada entre BE e secretaria de Estado da Energia. Ninguém terá informado o primeiro-ministro. Há descoordenação. Este Governo tem um defeito de fabrico. Não tem um verdadeiro número dois, alguém com peso político, capaz de substituir o primeiro-ministro e de coordenar o Governo”.

Abrir uma crise? “Não me surpreende que não aconteça. Há muita asneira, mas não acredito que provoque uma crise. Se alguém quisesse mandar o Governo abaixo, o OE seria um pretexto. Do lado do PCP há a questão do descongelamento das carreiras, do lado do BE haveria esta questão da taxa das renováveis. E o Governo também tinha pretexto: com tantas exigências, não cedemos e devolvemos a palavra ao povo.

“Ninguém quis porque tiveram medo de serem penalizados. Neste ambiente de crescimento, quem provocar crise fica mal visto”, salienta, notando que a direita também não o fará. “A direita não está preparada”, remata Marques Mendes, numa altura em que Rui Rio e Santana Lopes disputam a liderança do PSD.

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