DBRS admite melhorar outlook de Portugal

A agência canadiana reconhece o forte crescimento económico e a redução do défice, mas continua preocupada com o elevado nível de endividamento de Portugal.

A DBRS admite melhorar a perspetiva do rating de Portugal. A agência de notação financeira canadiana reconhece o forte crescimento económico de Portugal no último ano, bem como a redução do défice e dos juros da dívida e, por isso, vê “potencial para uma melhoria no outlook de longo prazo da dívida soberana portuguesa”. Mas avisa: dívida pública elevada, demasiado crédito malparado e dúvidas quanto à sustentabilidade do crescimento a longo prazo ainda preocupam.

“A DBRS olha favoravelmente para o forte crescimento económico de Portugal no último ano, para a redução contínua do défice e a queda dos juros da dívida nos últimos meses”, começa por referir a agência, em comunicado emitido esta quarta-feira.

Contudo, ressalva, “a melhoria do défice estrutural tem sido limitada e, mais importante, o rácio da dívida em relação ao PIB mantém-se elevado“. Ainda assim, lembra a DBRS, espera-se que este rácio comece a diminuir este ano. Recorde-se que o objetivo do Governo é conseguir baixar a dívida para 127,7% do PIB este ano, contra os 130,1% registados no ano passado.

"A evolução da dívida pública no longo prazo depende largamente da durabilidade das melhorias das finanças públicas e do fortalecimento das perspetivas de crescimento a médio prazo.”

DBRS

Para agência de rating,a evolução da dívida pública no longo prazo depende largamente da durabilidade das melhorias das finanças públicas e do fortalecimento das perspetivas de crescimento a médio prazo“. A DBRS reconhece que o crescimento económico neste ano e no próximo deverá ser “forte”, mas olha para essas projeções com cautela. “Parece ser cedo para determinar se este crescimento é estrutural ou simplesmente motivado por fatores cíclicos”, aponta, sublinhando ainda que “as perspetivas de longo prazo divergem”. O Fundo Monetário Internacional (FMI), por exemplo, espera que o PIB português venha a crescer 1,2% em 2021 e 2022. Já o Governo português aponta para um crescimento de 2,1% nesse período.

O elevado nível de dívida pública não é o único desafio que Portugal enfrenta. A DBRS aponta também para um “potencial de crescimento ainda lento”, um elevado nível de endividamento das empresas e de crédito malparado dos bancos, além de possíveis pressões orçamentais. “Ainda que os sinais de recuperação da banca sejam encorajadores, a situação mantém-se desafiante, particularmente no que toca à redução significativa dos níveis de crédito malparado e melhoria da rentabilidade. As pressões orçamentais também parecem estar a reduzir-se, mas essas pressões podem voltar, sobretudo se o crescimento desacelerar”.

Cenário mais otimista põe dívida nos 113% do PIB em 2020

Tendo em conta as várias projeções para a economia portuguesa, a DBRS desenhou três cenários para a evolução da dívida nacional: no mais otimista, com um crescimento médio de 2,7% entre 2017 e 2021, o rácio da dívida deverá cair para 113% em 2020; no mais pessimista, com um crescimento médio de apenas 1,2% nesse período, a dívida deverá manter-se mais elevada, nos 120% em 2020; num cenário entre estes dois, o rácio da dívida ficará nos 118% em 2020.

“O outlook para a dívida pública poderá melhorar se o crescimento mais forte persistir a longo prazo e se não houver choques orçamentais ou macroeconómicos, tais como um aumento acentuado das taxas de juro ou choques provenientes da banca”, admite a DBRS.

Notícia atualizada pela última vez às 10h10 com mais informação.

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