As contas de Twitter alternativas que estão a desafiar Trump

  • Juliana Nogueira Santos
  • 10 Abril 2017

Autointitulam-se "governo alternativo" e afirmam que vão resistir às medidas de Trump. Conheça as contas alternativas das organizações governamentais que estão a desafiar a Casa Branca.

É conhecida de todos a relação próxima entre Donald Trump e a sua conta de Twitter. O Presidente dos Estados Unidos aproveita bem os 140 carateres disponíveis para expressar os seus pontos de vista sobre tudo, desde a atuação dos líderes mundiais, até à prestação de Arnold Schwarzenegger no programa de televisão “The Apprentice”. Donald Trump chegou até a assumir que poderia não ser Presidente se a rede social não existisse.

O Chefe de Estado considera que este meio lhe permite divulgar as suas ideias sem que os “media desonestos” as distorçam. Mas parece que o feitiço se está a virar contra o feiticeiro.

A perseguição das contas alternativas

Se Donald Trump conseguiu conquistar 306 votos do colégio eleitoral, os suficientes para que fosse proclamado o 45º Presidente dos Estados Unidos da América, não é tão claro que tenha conquistado também a confiança daqueles que trabalham no seu Governo. Assim que este tomou posse, começaram a nascer várias contas de Twitter alternativas das organizações governamentais, criadas pelos supostos “resistentes”.

Autointitulam-se “governo alternativo” e querem lutar contra os “factos alternativos” repetidos vezes sem conta pela nova Administração, contando o que realmente se passa. Atualmente, a lista já é extensa, havendo contas alternativas de mais de 40 organizações governamentais, desde as mais pequenas, como o Parque Nacional de Yellowstone até ao próprio staff do Presidente.

Esta última conta, a @RoguePOTUSStaff, revelou supostos detalhes das primeiras semanas do mandato de Trump, nomeadamente a posição de destaque de Steve Bannon, seu assessor, em decisões tão importantes como a lei da imigração e a relação dos EUA com a Rússia.

Twitter vs Casa Branca

A semana passada, a relação entre Trump e a rede social passou para o estado “é complicado”. O Departamento de Segurança Nacional emitiu uma ordem que pressupunha que a Twitter tinha de revelar a identidade do utilizador da conta denominada @ALT_uscis, que aparentemente seria um funcionário da divisão de Serviços de Cidadania e Imigração do mesmo departamento. A rede não cedeu à pressão executiva e instaurou um processo contra a Casa Branca para bloquear tal ordem.

A conta, criada em janeiro deste ano, tem atacado insistentemente as políticas da Administração Trump, principalmente aquelas que afetam os movimentos migratórios. O processo instaurado pelo Twitter foi imediatamente apoiado por movimentos democráticos e defensores da liberdade de expressão, como é o caso da ACLU.

Estes que apoiam o processo afirmam que o pedido do Executivo, que incluía a divulgação de dados como o nome, o IP e o número de telemóvel do utilizador, vai contra o direito ao anonimato e à liberdade de expressão e a própria Constituição. Ainda assim, e segundo as informações mais recentes, o Governo acabou por deixar cair a ordem, o que levou a Twitter a retirar também o processo.

Inimigos ou trolls?

A ação da Administração de tentar obter os dados pessoais do responsável por esta conta deixa perceber que esta e todas as outras contas alternativas são consideradas contas inimigas, que criticam e que têm de ser paradas. A existência de um delator dentro das próprias instituições governamentais será uma traição não tolerável por Trump.

Ainda assim, é importante perceber que a veracidade da informação que é veiculada por estas contas não pode ser confirmada, uma vez que não se sabe quem está realmente por detrás delas. Podem ser funcionários que resistem e que formam o “governo alternativo” ou trolls da internet que se alimentam da criação de buzz à volta desta figura tão controversa do nosso tempo.

Inimigos ou trolls, a certeza é que estes não vão dar descanso à Administração Trump.

É conhecida de todos a relação próxima entre Donald Trump e a sua conta de Twitter. Mas parece que o feitiço se está a virar contra o feiticeiro.Raquel Sá Martins

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