Exportações de bens crescem menos do que importações em janeiro

Em 2016, as exportações tiveram o pior registo em sete anos. As importações cresceram 1,2% face a 0,9% das exportações, tendência que continua a verificar-se no primeiro mês de 2017.

A balança comercial, no que toca aos bens, continua a degradar-se. Depois de uma trajetória negativa em 2016, janeiro de 2017 não trouxe melhores notícias: o défice aumentou 252 milhões de euros, em comparação homóloga. As exportações de bens cresceram 19,6%, mas foram ultrapassadas pelas importações de bens que aumentaram 22,3%.

“Em janeiro de 2017, as exportações e as importações de bens registaram variações homólogas nominais de, respetivamente, +19,6% e +22,3% (+12,0% e +13,0% em dezembro de 2016, pela mesma ordem)”, explica o Instituto Nacional de Estatística no destaque divulgado esta segunda-feira, referindo que “o défice da balança comercial de bens situou-se em 941 milhões de euros em janeiro de 2017, representando um aumento de 252 milhões de euros face ao mês homólogo de 2016”.

Se excluirmos o efeito dos combustíveis e lubrificantes — um dos bens mais voláteis, principalmente no último ano — “as exportações cresceram 17,1% e as importações 14,6%”, refere o INE. No ano passado, em janeiro, o petróleo estava mais barato do que este ano, dada a recuperação do preço do barril no final de 2016 para lá dos 50 dólares por unidade. Neste cenário, o défice comercial foi de 535 milhões de euros, o “que corresponde a uma redução de cinco milhões de euros em relação ao mesmo mês de 2016”.

O INE nota, no entanto, uma diferença entre o primeiro mês de 2016 e 2017: “Esta evolução deve-se, parcialmente, à diferença no número de dias úteis no período de referência: janeiro de 2017 registou mais 2 dias úteis do que os meses anterior e homólogo de 2016”. Ambos os resultados do comércio internacional de bens foram os maiores aumentos dos últimos dois anos, pelo menos. As principais evoluções, quer do lado das exportações (33%) quer das importações (41,3%), verificou-se no comércio fora da União Europeia.

Quanto à evolução dos bens que justificam esta trajetória das trocas comerciais portuguesas, o INE explica que, “em janeiro de 2017, as exportações de bens de todas as grandes categorias económicas aumentaram face ao mês homólogo de 2016”. Houve, no entanto, destaque para os acréscimos registados nos fornecimentos industriais (15,9%), material de transporte e acessórios (25,1%) e combustíveis e lubrificantes (59,7%). Os combustíveis foram também o motor das importações, aumentando 106%, “justificado sobretudo pela importação de óleos brutos de petróleo”, refere o INE.

INE regista perda de termos de troca

Esta é a taxa de variação do preço relativo das exportações em termos das importações. No terceiro trimestre de 2016 a tendência mudou dada a evolução positiva do preço dos combustíveis: pela primeira vez em mais de dois anos, os preços das exportações estão a cair mais, em comparação homóloga, do que os preços das importações. No quarto trimestre “o índice de valor unitário das importações apresentou, pela primeira vez desde o 1º trimestre de 2014, uma taxa de variação homóloga positiva”, explica o INE.

Em última análise, isto significa que Portugal está a perder a vantagem face ao externo relativamente às trocas comerciais de bens. Estes dados divulgados esta segunda-feira com o destaque do comércio interacional de bens tem como base as “estatísticas relativas a dezembro de 2016, divulgadas a 40 dias (9 de fevereiro de 2017)”. “A perda de termos de troca (preço relativo das exportações em termos das importações) registada no 3º trimestre de 2016, acentuou-se no 4º trimestre“, conclui o Instituto Nacional de Estatística.

“Quando os termos de troca são positivos, significa que o preço dos bens exportados é superior ao dos importados e quando são negativos, o preço dos bens importados é superior ao dos bens exportados”, esclareceu o INE ao ECO, em declarações em janeiro. Os índices calculados traduzem variações relativamente ao mesmo trimestre do ano anterior. Além disso, o INE acrescenta que “é importante referir que, tratando-se de índices de valores unitários e não de índices de preços efetivos, a sua variação reflete, além da variação de preços, efeitos da alteração da composição e de qualidade dos bens considerados”.

(Notícia atualizada às 11h53)

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