Rui Moreira no ECO Talks para falar dos desafios que o Porto tem pela frente

O autarca já anunciou a recandidatura à Câmara do Porto. Os empresários esperam que, em caso de reeleição, Rui Moreira tenha como prioridade atrair investimento e criar emprego.

A pouco mais de nove meses das eleições autárquicas, Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto continua em estado de graça na cidade. O independente (apoiado pelo CDS local) que derrotou Manuel Pizarro do PS e Luís Filipe Menezes do PSD soube unir a cidade e têm-se assumido como a voz do Norte, em defesa dos interesses não só do Porto, como de toda a região. Mas será que este estado de graça se vai prolongar até ao fim do mandato? Será capaz Rui Moreira de voltar a surpreender na noite eleitoral? Será o Porto capaz de aprofundar a recuperação urbana de modo a responder a dois eixos estratégicos: o reforço da componente turística da cidade e a criação emprego, sobretudo qualificado?

Rui Moreira estará esta quinta-feira, 2 de fevereiro, na terceira edição do ECO Talks, a primeira a realizar no Porto, para responder a estas e outras questões.

Já se sabe que Rui Moreira se vai recandidatar e sobretudo já se sabe que terá o apoio do PS, com quem fez uma coligação invulgar e com quem conseguiu montar uma estratégia para a cidade, e repete o apoio do CDS-PP. Mas falta saber as linhas mestras do seu novo mandato. E sobretudo os desafios que tem pela frente. A avaliar pelos empresários contactados pelo ECO, a prioridade máxima tem que ser a atração de investimento.

Atração de investimento

Um dado é certo, a cidade tem que continuar a atrair investimento, capaz de gerar emprego e sobretudo emprego qualificado para fixar os jovens que as Universidades formam. Aliás, os empresários contactados pelo ECO apontam mesmo estas como as prioridades da autarquia e os principais desafios de Moreira para o que resta deste mandato e as bandeiras da campanha que se avizinha.

Rui Moreira, que tem como uma das principais características ser bom ouvinte, sabe-o melhor do que ninguém. A InvestPorto, que o autarca diz que tem feito um trabalho notável, é uma criação do seu mandato, e tem feito inúmeros contactos com potenciais investidores.

Manuel Ferreira da Silva, administrador do BPI, realça que a “atração de investimento tem que se manter como bandeira, mas há já vários casos confirmados nesta matéria”. De resto Ferreira da Silva diz que “Rui Moreira conhece muito bem a cidade e isso é uma enorme vantagem para perceber o que deve ser feito”.

Uma ideia partilhada por Estela Barbot, administradora da REN. Para a economista, “o principal desafio de Rui Moreira é continuar a apresentar um projeto ambicioso assente na atração do investimento e do turismo, o que de resto tem sido feito e com sucesso”.

"Rui Moreira conhece muito bem a cidade e isso é uma enorme vantagem para perceber o que deve ser feito”

Manuel Ferreira da Silva

Administrador do BPI

O facto da cidade do Porto estar na moda tem ajudado a essa captação de investimento. A par disto, a autarquia tem apostado em “ser um laboratório para a inovação“, de modo a tornar “o Porto num território fértil” nas palavras de Moreira, no que respeita ao empreendedorismo.

"o principal desafio de Rui Moreira é continuar a apresentar um projeto ambicioso assente na atração do investimento e do turismo, o que de resto tem sido feito e com sucesso”

Estela Barbot

Administradora da REN

Rafael Campos Pereira, vice-presidente da AIMMAP (Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal), põe também a tónica na inovação e sobretudo na industria 4.0. “É importante que o presidente do Porto prossiga o trabalho que tem feito e na lógica das empresas que consiga atrair mais investimento para o Porto e, sobretudo criar um hub na área das novas tecnologias e particularmente na industria 4.0”. Para o vice-presidente da AIMMAP, “é importante que a segunda cidade e o segundo polo económico do país se afirme como líder nesta área”. Uma forma, salienta Campos Pereira, de “suportar o crescimento dos setores tradicionais (calçado, têxtil e metalomecânica) tão presentes na região”.

"É importante que consiga atrair mais investimento para o Porto e sobretudo criar um hub na área das novas tecnologias e particularmente na industria 4.0”

Rafael Campos Pereira

Vice-presidente da AIMMAP

Gestão da STCP

Na questão da mobilidade avizinham-se também novos desafios. A autarquia irá assumir, dentro de mais ou menos um mês, a gestão da STCP, uma empresa que tem vindo a perder clientes e é preciso reverter a situação. A par disso, a autarquia bateu-se pela criação do terminal intermodal de Campanhã.

Ainda ao nível da mobilidade, o autarca sempre defendeu a criação de novas linhas para o Metro do Porto, e ao que tudo indica terá aqui uma “mão” do Governo. O Executivo de António Costa deverá anunciar na próxima semana a criação de novas linhas para o metro do Porto, para o período compreendido entre 2018/2020.

Reabilitação da Campanhã

Uma das grandes apostas do Executivo é a reabilitação de Campanhã e de toda a zona oriental da cidade do Porto. É uma aposta de longo prazo e que não se esgota nem num, nem em dois mandatos. Rui Moreira aposta num modelo semelhante ao da Baixa do Porto. O plano é que toda a zona oriental do Porto possa ser considerada num prazo de 20 anos uma nova centralidade da cidade. O investimento deverá rondar os 75 milhões de euros e inclui não só o terminal intermodal como duas fortes áreas empresariais. E ainda a reconversão em polo cultural do antigo Matadouro em Campanhã.

Um projeto que Eduardo Rangel, presidente do grupo Rangel considera vital. “É importante que se continue a reavaliar a parte urbana e no caso concreto da zona oriental tive oportunidade de visitar a zona com o presidente da Câmara e considero que há ali um trabalho importante a desenvolver , sobretudo no segundo mandato, que penso que vencerá”

Turismo

A visibilidade do Porto a nível internacional tem sido notória e os números refletem isso mesmo. Em 2016, e segundo números provisórios do Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP) a cidade registou 6,8 milhões de dormidas, um crescimento de 10,7% face a 2015, e atingindo valores muito próximos aos objetivos traçados para 2020. Mas aqui levanta-se um problema. Há já quem fale na massificação do turismo no Porto e na impossibilidade das famílias se fixarem nas zonas consideradas históricas, onde prolifera o alojamento local destinado a turistas e a preços proibitivos. Para o presidente do Porto, que chamou a si o pelouro do turismo da autarquia a que juntou ainda a presidência da Associação de Turismo do Porto, os impactos negativos estão a ser controlados e relembra que o turismo é também sinónimo de desenvolvimento económico, emprego e reabilitação desde que regulado.

"O Porto tem feito um trabalho notável ao nível da cultura e do turismo, mas falta trazer as empresas e a economia para a cidade”

António Mota

Presidente da Mota-Engil

Uma opinião partilhada pelo empresário e presidente da Mota-Engil. António Mota diz que “o Porto tem feito um trabalho notável ao nível da cultura e do turismo”. Mas “falta trazer as empresas e a economia para o Porto”.

Ainda no turismo, o autarca mantém o suspense sobre a taxa turística, tendo inclusive já referido que esse vai ser um tema para a campanha eleitoral.

Mercado do Bolhão

Foi uma das promessas eleitorais do autarca. Rui Moreira queria reabilitar o Mercado do Bolhão, torná-lo num verdadeiro mercado municipal de frescos, e voltar a dar ao espaço o traço distintivo de há 30/ 40 anos. Hoje o concurso está lançado, e o autarca espera conseguir adjudicar a obra ainda neste mandato.

Palácio de Cristal

O futuro do Palácio de Cristal/Pavilhão Rosa Mota passa pela concessão pelo prazo de 20 anos ao consórcio “Porto Cem por Cento Porto” com uma renda mensal de 20 mil euros. A minuta do contrato foi aprovada em assembleia municipal já este ano, mas falta ainda o visto do Tribunal de Contas. O pavilhão deverá ser transformado em centro de congressos.

Centralismo

O combate ao centralismo tem sido uma das bandeiras de Rui Moreira. Já o era antes de entrar para a autarquia e manteve-se com mais destaque desde então. As suas posições levam-no mesmo a assumir uma certa liderança em toda a área metropolitana em assuntos como o dossier da TAP, a legislação do arrendamento comercial, entre outros. Rui Moreira é um combatente feroz da forma como as políticas públicas são geridas. Para o autarca, apesar de o Norte ser o grande motor das exportações é constantemente esquecido em prol de Lisboa. Moreira diz mesmo que “Portugal é macrocéfalo” e esse é um desafio que seguramente vai marcar o(s) seu(s) mandatos.

Ainda no combate ao centralismo, o autarca defende que o Estado devia devolver competências aos municípios.

Cultura

A cultura era a par, com a coesão social e a economia, os pilares da candidatura do presidente da Câmara do Porto. E aqui há unanimidade em afirmar que esta é uma aposta ganha pelo autarca e seguramente o aspeto mais fraturante entre o mandato de Rui Moreira e o seu antecessor Rui Rio. Moreira abriu as portas da câmara à cultura, tendo começado por resolver a questão do Teatro Rivoli, que voltou a ser um teatro municipal. Hoje, como gosta de dizer o autarca, a cultura está em locais em que era impensável e sobretudo tem público.

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