Porto Design Factory: Acelerador de ideias nas áreas da música e design

O Porto Design Factory do Politécnico do Porto lançou dois programas pioneiros de aceleração de ideias para as áreas do design e da música. Programas centralizam atenções nas ideias embrionárias.

“Não há produto, nem startup que vingue se não responder claramente a uma necessidade real e concreta dos utilizadores, do mercado“. É desta forma que Rui Coutinho, responsável pelo Porto Design Factory (PDF), do Politécnico do Porto, explica os dois programas pioneiros de aceleração de ideias nas áreas do design e da música que a instituição que lidera acaba de lançar.

O Porto Design Accelerator é um programa que alia o design/bens de consumo à manufatura portuguesa em parceria com a TICE.pt- Pólo das Tecnologias de Informação, Comunicação e Eletrónica e com a Câmara Municipal do Porto.

Já o Beta Sound System é o primeiro programa português de aceleração de novas ideias de negócio para a indústria da música em parceria com a Casa da Música e com a Antena 3.

Rui Coutinho começa por afirmar que “são os dois programas pioneiros, uma vez que não existem aceleradores para ideias em fase embrionária. Na área da música há esta particularidade de estar muito relacionado com aquilo que possa ser o futuro da industria da música, na área da criação artística, na área dos direitos de autor, na área da venda, de novas experiencias de consumo de música”.

Já no caso do Porto Design Accelator, Rui Coutinho põe a tónica na proximidade com “as indústrias ditas tradicionais (calçado, têxtil, metalomecânica, mobiliário, cortiça) e na forma como podemos ajudar a gerar inovação e competitividade para esses setores industriais”.

No fundo trata-se de aliar tecnologia e design num mix perfeito de adequação ao mercado.

O responsável da Porto Design Factory diz que “qualquer equipa pode candidatar-se, e falo de equipas porque nós preferimos trabalhar com equipas, de qualquer parte do mundo que tenha uma boa ideia pode candidatar-se”. A única restrição é que “não podem ter nenhuma empresa constituída para aquele projeto há menos de dois anos”.

As candidaturas aos dois programas lançados esta manhã nas instalações do Porto Desing Factory, uma estrutura do Politécnico do Porto, com a presença do secretário de estado da inovação João Vasconcelos, decorrem entre 3 de janeiro e 28 de fevereiro.

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Dos candidatos serão selecionados cinco projetos para cada um dos programas. Segue-se um período de avaliação e decisão, começando as startups escolhidas a desenvolver o seu trabalho a partir de 1 de abril ao longo de seis meses. Os primeiros três meses serão dedicados ao desenvolvimento do produto, enquanto os três meses seguintes serão focados no financiamento, produção e acesso ao mercado.

Sucesso dos programas. Como se mede?

“Apurar o sucesso dos programas é sempre um desafio muito interessante”, adianta Rui Coutinho. Para o responsável pelo PDF há aqui várias dimensões a ter em conta. A primeira, refere Coutinho é a própria “criação das startups, muitos desses projetos podem não estar ainda constituídos enquanto empresas e esse é um primeiro indicador”. O segundo “será naturalmente o volume de financiamento que possam vir a recolher e finalmente um terceiro indicador são os volumes de vendas que possam começar a gerar”.

Rui Coutinho adianta que “estamos focados no número de pessoas que vamos ajudar a ganhar novas qualificações, a prepararem-se e a serem cada vez mais inovadores globais”.

Financiamento: “Quem tem unhas toca guitarra”

Contrariamente a outros programas de aceleração, o Porto Design Factory não financia nenhuma das startups. “Não ficamos com capital social, não damos dinheiro, desenvolvemos um programa de aceleração para as startups e depois são estas a procurarem o seu financiamento, obviamente que os programas estabelecem conectividade, network”.

Não é por acaso que na apresentação dos dois programas estavam presentes vários business angels e a Portugal Ventures.

Rui Coutinho refere que “o que a aceleradora consegue é ter um movimento agregador dos principais stakeholders seja do lado dos mentores, do lado dos investidores, do lado dos potenciais clientes como os retalhistas, estavam cá todos“. “O que queremos na segunda fase do programa é proporcionar essa conectividade e depois quem tem unhas toca guitarra”.

Como parceiros dos dois projetos lançados esta terça-feira aparecem nomes como a Sonae, Ikea e Silampos. Que papel têm essas empresas?

Rui Coutinho justifica: “nós queremos exatamente criar este ecossistema, no caso da Sonae, por exemplo, é uma empresa que vende praticamente todo o tipo de produtos nas suas diversas marcas, o que significa que muitos dos produtos que possam sair das startups que estão na aceleradora possam ter potencial para serem vendidos pela retalhista. Queremos estabelecer essa ligação. O mesmo se passa para a Silampos e para o Ikea, são empresas com grande capacidade de produção e as novas empresas vão eventualmente precisar de quem produza bens”.

Mas o que ganham essas empresas? Ganham por exemplo acesso antecipado a projetos que podem vir a gerar muito valor e acesso a talento, pessoas que podem interessar a essas organizações.

Rui Coutinho adianta que “nos próximos dois meses podemos adicionar parceiros a este projeto”. E adianta: “apesar da nossa estrutura sólida estar assente na indústria portuguesa podemos ter novos negócios que precisem de se expandir internacionalmente, logo o passo seguinte é adicionar aqui um conjunto de novos players. Por isso é que dizemos que o programa é sempre definido em função de cada startup”.

Já sobre o papel da Casa da Música e da Antena 3, no Beta Sound System, Rui Coutinho refere que “ambos trazem algo que é fundamental para o programa que é a comunidade de utilizadores. São pessoas que sentem os problemas do setor. Na Casa da Música estão os músicos, os promotores, os agentes, está tudo lá. Já a rádio traz-nos a forma de consumo de música, como é que nos podemos reinventar para que os consumidores tenham novas experiências”.

Porto Design Factory. O que é?

A Porto Design Factory é uma plataforma experimental de co-criação, co-desenvolvimento e aceleração de ideias inovadoras, a partir de um projeto educativo orientado para o trabalho interdisciplinar, para a investigação aplicada e para a colaboração industrial. Assume-se como um espaço de e para todas as escolas do Politécnico do Porto e pretende estabelecer um novo paradigma de ecossistema inovador e empreendedor.

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