BCP e BPI ganham nova vida (quase) no mesmo dia

Um está a fazer um aumento de capital que evita a entrada do Estado, já o outro está a ver o CaixaBank a assumir o controlo. Duas operações distintas que se "tocam" no timing em que terminam.

O BCP passou vários meses a afastar os rumores de um aumento de capital, mas acabou por avançar, já o BPI viu a OPA do CaixaBank arrastar-se até ser aprovada pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Dois processos que demoraram bastante tempo a chegar ao mercado, mas que acabaram por arrancar praticamente em simultâneo. Ambos os bancos estão, assim, a poucos dias de rumar a uma nova vida. O curioso é que essa chega (quase) no mesmo dia.

O banco liderado por Nuno Amado foi adiando o que há muito os investidores antecipavam. Acabou por anunciar a 9 de janeiro um aumento de capital de 1.300 milhões de euros que arrancou esta semana, isto ao mesmo tempo que a oferta pública de aquisição (OPA) do CaixaBank recebeu luz verde do regulador do mercado de capitais português.

Enquanto a subscrição das novas ações do BCP arrancou a 19 de janeiro, o primeiro dia que os investidores tiveram para aceitar a oferta do banco catalão sobre a instituição liderada por Fernando Ulrich aconteceu a 17. Foi quase ao mesmo tempo que os dois bancos cotados deram este tiro de partida para uma nova fase que, por coincidência, arranca praticamente em simultâneo.

A subscrição dos títulos do BCP acaba a 2 de fevereiro, mas apenas no dia 7 é feita a liquidação financeira da operação. De acordo com o prospeto do aumento de capital, os novos títulos do banco arrancam para a bolsa no dia 9. Um dia antes, no dia 8, tem lugar a sessão especial de bolsa para apuramento dos resultados da OPA do BPI que vai tirar algumas ações ao “free float” do BPI, passando para as mãos do CaixaBank.

Enquanto o BPI fará a “festa” na Euronext Lisboa, o BCP não. Os resultados da OPA serão revelados num evento que decorrerá na gestora da bolsa nacional, mas no caso dos aumentos de capital não é habitual que seja realizada qualquer evento do género, salientou fonte oficial da bolsa de Lisboa, que é ainda liderada por Maria João Carioca.

O timing muito próximo da conclusão das duas operações é coincidência. É a partir da segunda semana de fevereiro que ambos os bancos entram numa nova fase: se o BCP fica preparado para retomar o negócio com maior solidez (apesar de manter um peso elevado de malparado no balanço), o BPI ganha o músculo financeiro do banco catalão.

Enquanto estes dois bancos arrancam para um nova fase, a CGD prossegue com o processo de recapitalização de mais de cinco mil milhões de euros (parte desse montante já foi injetado no banco público) mas o Novo Banco continua a ser incógnita no sistema financeiro português. A ideia é vender, mas o processo tem enfrentado obstáculos.

O Banco de Portugal apresentou a proposta do Lone Star como a preferencial, mas essa oferta exige uma garantia estatal para os ativos no “side bank”. O Governo rejeita essa garantia que pode pôr em causa o défice, sendo que o fundo diz que sabe ser criativo. E é nesse sentido que têm surgido várias vozes a apontarem para uma nacionalização do banco que, ainda assim, obrigará a uma injeção de 750 milhões de euros.

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