Bad bank, testes de stress e seguradora: há uma montanha de riscos no aumento da capital do BCP

São mais de 60 páginas com a exposição dos riscos inerentes ao aumento de capital do BCP. Criação do banco mau, testes de stress e negócio segurador poderão exigir mais dinheiro aos acionistas.

Todo o cuidado é pouco. E o BCP faz questão de evidenciar todos os riscos que acompanham a operação de aumento de capital no valor de 1.300 milhões de euros. Entre as principais ameaças ao desempenho do banco está a criação de um bad bank que reúna o malparado do setor financeiro e os resultados do testes de stress adicionais, dois fatores que podem representar “necessidades adicionais de capital”. Além disso, também o negócio segurador pode trazer instabilidade ao BCP.

“A eventual criação de um bad bank em Portugal poderá traduzir-se em necessidades adicionais de capital para o banco”, refere a instituição no prospeto do aumento de capital aprovado esta quinta-feira pela CMVM. “O banco tem publicamente defendido não ser necessária uma solução como a referida (…). A utilização de um bad bank para redução do stock de NPE [non performing exposure) detido pelo banco poderia implicar a transmissão de créditos a um preço abaixo do seu valor contabilístico, o que resultaria em menos-valias para o Banco e, consequentemente, numa deterioração dos seus rácios de capital“, acrescenta o BCP.

"A eventual criação de um bad bank em Portugal poderá traduzir-se em necessidades adicionais de capital para o banco. O banco tem publicamente defendido não ser necessária uma solução como a referida (…). A utilização de um bad bank para redução do stock de malparado detido pelo banco poderia implicar a transmissão de créditos a um preço abaixo do seu valor contabilístico, o que resultaria em menos-valias para o Banco e, consequentemente, numa deterioração dos seus rácios de capital.”

BCP

Prospeto do aumento de capital

No total, são mais de 60 páginas onde o banco expõe os fatores de risco, entre eles riscos ligados à evolução da economia nacional e da zona euro, riscos relacionados com o plano de recapitalização e de reestruturação do banco e riscos relacionados com a atividade do banco.

Em relação ao fatores associados ao banco, a realização de testes de stress adicionais também acarretam riscos de necessidade de aumento de capital ou mesmo de perda da confiança do público. “Reguladores nacionais e internacionais, incluindo o FMI, o BCE e a Autoridade Bancária Europeia (EBA na sigla inglesa) têm vindo a realizar stress tests ao setor bancário”, começa por explicar o BCP. “O banco não pode excluir que poderá haver necessidade de dotações adicionais para imparidade. Consequentemente, novos stress tests podem ter um efeito material adverso sobre a atividade, situação financeira, resultados das operações e perspetivas futuras do banco”, diz ainda.

Em relação ao negócio segurador, com a participação de 49% na Ocidental, o BCP considera que o novo regime Solvência II vai colocar vários desafios ao setor, nomeadamente ao nível dos requisitos de capital, garantias de longo prazo e ferramentas de supervisão macroprudenciais. Exigências que poderão mesmo vir a afetar os dividendos que o BCP pretende que regressem em 2019.

“Há o risco de os efeitos destas medidas adotadas, ou a serem adotadas, poderem afetar negativamente” o negócio segurador, diz o BCP. “Este impacto poderá afetar a política de dividendos e/ou resultar num aumento de capital que poderá afetar adversamente a atividade do banco, na sua situação financeira e nos resultados das suas operações e nas suas perspetivas futuras”.

Entre outros fatores de risco, o BCP salienta:

  • A carteira de crédito do banco poderá continuar a reduzir-se.
  • Reduções do rating de crédito do banco poderão aumentar o custo de financiamento e dificultar a capacidade do banco de se financiar ou de refinanciar dívida.
  • A capacidade do banco para alcançar certos objetivos depende de pressupostos que envolvem fatores que estão significativamente ou totalmente fora do controlo do banco e estão sujeitos a riscos conhecidos e desconhecidos, incertezas e outros fatores.
  • O banco pode não conseguir gerar resultados que lhe permitam recuperar os impostos diferidos.

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