OPEP. Afinal o que querem os produtores (agora)?

  • Rita Atalaia
  • 2 Novembro 2016

O cartel de petróleo ainda não conseguiu chegar um acordo sobre um corte da produção. Um acordo que tem sido travado por desentendimentos entre os países. Saiba o que cada produtor pede (agora).

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) esteve reunida no fim de semana. Mas a reunião não deu frutos. Há muita discordância em relação ao corte de produção. Especificamente sobre quais os números que devem ser usados como referência para o corte da oferta de petróleo.

Embora alguns países já tivessem expressado vontade de avançar com este corte, agora deram um passo atrás. Mas, apesar de haver muito ceticismo, os países vão tentar encontrar um consenso até à reunião de Viena, na Áustria, no final do mês. Até lá, fique a saber o que é que cada produtor pede (agora) para fazer parte desta tentativa de redução da produção.

Arábia Saudita. Primeiro inunda, agora quer reduzir

A Arábia Saudita tem sido fortemente penalizada por um período longo de preços baixos do petróleo. Uma situação que o próprio país fomentou ao inundar o mercado de petróleo num contexto de fraca procura. Agora é o produtor que está a tentar promover um acordo para reduzir a produção da matéria-prima. Mas com pouco sucesso. E está disposta a acertar posições com o rival Irão, mas dificilmente será possível chegarem a acordo na reunião de novembro.

A Arábia Saudita e o Irão não conseguem concordar sobre as estatísticas que seriam usadas para determinar os níveis de produção para um eventual congelamento — um termo usado pelos grandes produtores para limitar a produção no nível atual ou abaixo dele. Por isso, os iranianos querem ficar fora deste acordo.

Petróleo

Iraque e Irão. Congelar produção? Não, obrigado

E não é só o Irão que pede para não fazer parte de um congelamento da produção. O Iraque também está do mesmo lado. O ministro iraquiano, Jabber Al-Luaibi, afirmou que o país não vai parar a produção do petróleo por estar em guerra com os militares do Daesh. Por outro lado, o ministro do Petróleo iraniano, Bijan Zanganeh, já tinha dito que o país “não congelará a produção até alcançar os quatro milhões de barris por dia e depois veremos”. O nível corresponde ao que o Irão considera ser a sua quota de mercado antes de aplicadas as sanções internacionais.

E fora da OPEP?

Representantes do Azerbaijão, Brasil, Cazaquistão, México, Omã e Rússia também estiveram presentes na reunião do fim de semana. Mas os países fora do cartel também não contribuíram para que fosse alcançado um entendimento. Embora tenham dito há relativamente pouco tempo que estavam dispostos a reduzir a produção, agora a vontade parece que esmoreceu.

No início do mês, a Rússia disse estar disposta a considerar congelar ou mesmo cortar a produção de petróleo em cooperação com a OPEP. Agora saiu da reunião sem se comprometer com uma redução. Já Omã diz que quer cortar a produção como parte de um acordo com os outros produtores, mas quer que a OPEP alcance primeiro um acordo internamente antes de tomar uma decisão sobre a dimensão da redução.

O Brasil não demonstra tanta flexibilidade. O país da América Latina deixa bem claro que não vai limitar a produção. Embora esteja disposto a realizar futuras conferências da OPEP já no início do próximo ano.

Para o ministro da Energia do Azerbaijão, Natiq Aliyev, o resultado depende da decisão do Irão e do Iraque. Já o vice-ministro da Energia do Cazaquistão refere que, embora a reunião de sábado tenha sido um bom “primeiro passo” para um acordo, os países produtores de petróleo têm de continuar a dialogar e “definir números reais” antes de o corte da produção poder começar.

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