BPI com lucros de 530 milhões. Atividade em Portugal puxa pelos resultados

Portugal contou para 60% dos lucros do BPI. Já a atividade internacional com o BFA (detém cerca de 49%) e o BCI deu um contributo de 204,6 milhões de euros.

O BPI registou um aumento dos lucros para os 529,1 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, beneficiando da venda de ativos e da melhoria da atividade bancária em Portugal, que permitiram melhorar os resultados face aos aos lucros de 23 milhões de euros registados há um ano.

Só no negócio doméstico, o banco dos espanhóis do CaixaBank obteve um lucro de 324,4 milhões de euros entre janeiro e setembro, dos quais 164,2 milhões dizem respeito a resultados recorrentes, ou seja, sem impacto de eventos ocasionais como foram a venda de parte do capital do angolano BFA em 2017, a venda da participação na Viacer, dona da cerveja Super Bock (gerou um ganho de 60 milhões), e a venda das subsidiárias BPI Gestão de Ativos e BPI GIF (ganho de 62 milhões).

Feitas as contas, Portugal contou para 60% dos lucros do BPI. Já a atividade internacional com o BFA (detém cerca de 49%) e o BCI deu um contributo de 204,6 milhões de euros.

A margem financeira (os juros recebidos dos empréstimos menos os juros pagos nos depósitos) aumentou mais de 9% para 315 milhões de euros e Pablo Forero associa esta evolução ao “bom trabalho” que o banco está a realizar num contexto de juros historicamente baixos. E as receitas com comissões subiram 5,6% para 201,5 milhões de euros.

O banco destaca a “dinâmica comercial” que deu um impulso aos depósitos de clientes, que aumentaram em 1.343 milhões de euros para 20.711 milhões de euros no final de setembro. Também o crédito a clientes observou um aumento de 5,4% para 23.422 milhões de euros, com o BPI a salientar o financiamento às empresas. Em Portugal, assinala a subida de 12% do crédito às empresas para 7.887 milhões de euros. Diz que está a ganhar quota de mercado.

Em conferência de imprensa, Pablo Forero não revelou se o BPI vai pagar dividendos, dizendo que essa decisão cabe à assembleia geral de acionistas. “Não vamos especular sobre a questão dos dividendos. Estamos preocupados em reforçar os capitais do banco”, afirmou o presidente do banco que fechou o mês de setembro com um rácio de capital de CET1 de 13,1% e total de 14,8%. O banco fala em “sólida capitalização”.

Em relação ao malparado, o BPI diz que tem a “carteira de crédito de melhor qualidade em Portugal”, com um nível de ativos não performantes (NPE) de 3,8%. Forero adiantou aos jornalistas que o banco está a ultimar a venda de um conjunto de créditos problemáticos no valor de 200 milhões de euros.

Chumbo a Itália? “Não foi uma surpresa”

Em setembro, o BPI detinha uma carteira de dívida italiana no valor de 680 milhões de euros, sendo a terceira mais representativa apenas ultrapassada pela dívida espanhola (1.000 milhões) e portuguesa (1.700 milhões). Tudo títulos a atingirem a maturidade dentro de três anos.

Itália tem estado sob pressão dos investidores perante o conflito entre Bruxelas e Roma, que culminou esta terça-feira no chumbo do Orçamento do Estado para 2019. Mas Pablo Forero desvaloriza a exposição do banco ao mercado italiano.

“Sabíamos o que ia acontecer a partir do momento em que o Governo apresentou um orçamento que não está de acordo com as recomendações europeias. Não podemos dizer que isto foi uma surpresa“, considerou o presidente do BPI.

Declarou mesmo que estamos no “início de uma fase de disciplina financeira na União Europeia”.

Mudanças em Angola “são boas notícias”

Em Angola, o BPI está a tentar vender parte do capital que ainda detém no BFA, mas o processo que pode levar o banco angolano para a bolsa não registou “novidades”, adiantou ainda Pablo Forero. “Continuamos a tentar resolver. (…) A equipa está totalmente focada em fazer negócio num contexto de mudanças”, disse.

O que está a acontecer [em Angola] são boas notícias para o BFA“, assinalou ainda, destacando a nova taxa de câmbio do kwanza (“é positiva para Angola ter finanças equilibradas”) e ainda a ajuda financeira do Fundo Monetário Internacional.

(Notícia atualizada às 18h19)

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