Zuckerberg sob pressão no Congresso. Resistiu ou quebrou?

O líder Facebook voltou ao Congresso, onde confessou ser uma das vítimas da Cambridge Analytica. Congressistas exigem medidas e pedem mais controlo dos utilizadores no tipo de dados recolhidos.

Mark Zuckerberg na segunda sessão no Congresso.Time

Numa segunda sessão no Congresso norte-americano esta quarta-feira, os holofotes voltaram a incidir em Mark Zuckerberg, que revelou que também ele foi uma das 87 milhões de vítimas do uso indevido de dados pessoais do Facebook pela consultora Cambridge Analytica. O presidente executivo da rede social voltou a submeter-se às perguntas dos congressistas, que aproveitaram a rara oportunidade para explorar um conjunto bem mais alargado de tópicos.

Um desses assuntos é a forma como o Facebook vai recolhendo dados dos internautas, mesmo quando não estão na plataforma e mesmo que nem tenham conta na rede social. “Mesmo que alguém não tenha feito login, nós recolhemos certas informações, como a quantas páginas estão a aceder, como medida de segurança”, disse o gestor de 33 anos. Além disso, confirmou que o Facebook também recolhe esses dados para efeitos de segmentação de publicidade. “Podemos também recolher informação para fazer com que os anúncios sejam mais relevantes e funcionem melhor nesses sites”, afirmou.

O líder do Facebook também foi pressionado por alguns congressistas para que promova mais medidas de segurança para os menores na rede social. Outros exigiram mais medidas para combater a venda de opioides na plataforma, na sequência da crise de saúde pública que assola algumas regiões dos Estados Unidos.

Mesmo que alguém não tenha feito login, nós recolhemos certas informações, como a quantas páginas estão a aceder, como medida de segurança.

Mark Zuckerberg

Presidente executivo do Facebook

Zuckerberg elogiou ainda, em certa medida, o novo Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD), que deverá entrar em vigor na União Europeia a 25 de maio. “O RGPD tem um conjunto de partes diferentes importantes. Uma é dar mais controlo [aos titulares dos dados] — que é o que estamos a fazer [no Facebook]. A segunda é exigir que se peça consenso e controlar as pessoas que guiam outras pessoas nas suas escolhas. Também estamos a fazer isso. Vamos pôr uma ferramenta no topo das aplicações que guiará as pessoas nas configurações”, disse o presidente executivo.

Face a estas duas audições, a maior rede social do mundo recuperou algum valor de mercado. As ações da companhia valorizaram cerca de 5,7%, acrescentando 3,2 mil milhões de dólares à fortuna de Mark Zuckerberg, de acordo com a revista The Economist. É que, apesar de terem sido dez horas de perguntas no total, Mark Zuckerberg mostrou competência, firmeza e não cometeu gafes significativas.

Ainda assim, existirão alguns assuntos que deverão merecer manchetes nos jornais nas próximas semanas, como é o caso da recolha de dados de pessoas que não são, sequer, utilizadoras do Facebook. A porta também parece estar fechada a mudanças no modelo de negócio da empresa, mas poderão vir aí leis mais apertadas para regular a atividade da rede social.

Agora, Zuckerberg regressa à casa que construiu com apenas 19 anos. A sensação será a de missão cumprida: a prova de fogo do Congresso terá sido ultrapassada com sucesso. Porém, o futuro do gestor como presidente executivo e chairman da empresa vai ser ditado pelas medidas que tomar no futuro. Um novo escândalo à volta das práticas da empresa teria efeitos imprevisíveis, mas potencialmente nefastos para a gigante norte-americana.

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