Sai Schauble, entra Scholz. Quem é o novo ministro das Finanças alemão?

  • ECO
  • 7 Fevereiro 2018

Conservador Schauble vai ser substituído pelo social-democrata Olaf Scholz, no novo Governo de coligação alemão. Pragmático e flexível, quem é este jurista que liderou a autarquia de Hamburgo?

Agora que Angela Merkel e Martin Schulz apertaram as mãos — firmando uma coligação que rompe o impasse governativo alemão dos últimos quatro meses — Wolfgang Schäuble está prestes a abandonar as rédeas do Ministério das Finanças. Sucede-lhe o social-democrata Olaf Scholz, um jurista conhecido pelo seu pragmatismo e flexibilidade.

A entrega desta pasta ao SPD deverá significar um ponto final na “austeridade forçada”. Segundo a Reuters, a saída do conservador Schauble deverá ser sinónimo do abandono da rigor orçamental que caracterizou o seu mandato.

Novo ministro das Finanças alemão é formado em Direito.

Aos 59 anos, esta não será a primeira vez que Scholz faz parte de um Governo de “grande coligação”. Entre 2007 e 2009, o advogado formado na Universidade de Hamburgo serviu de ministro do Trabalho e dos Assuntos Fiscais, num Executivo também liderado por Merkel.

Antes disso, Olaf já pertencera ao Bundestag — Parlamento da República Federal Alemã — entre 1998 e 2001, bem como entre 2002 e 2011 (período em ocupou o cargo de vice-presidente do grupo parlamentar do SPD).

Considerado um liberal entre os social-democratas, Olaf Scholz acabou por conquistar, com facilidade, em 2011, a liderança da autarquia da cidade-estado de Hamburgo, posição para a qual foi reeleito com 47% dos votos, em 2015. Nessa última ocasião, o jurista teve de se coligar com os Verdes para manter o Governo municipal.

De acordo com o alemão Der Spiegel, o autarca é um “excelente estrategista”, que conhece as fraquezas dos seus adversários e sabe como abordá-las facilmente. A sua forte autoconfiança é um dos seus principais trunfos, diz.

Já o Frankfurter Allgemeine Zeitung descreve o político como um adepto de reformas, que assumiu muitos riscos e sofreu algumas derrotas ao longo da sua carreira, tendo recuperado de todas elas. O jornal destaca ainda que, enquanto presidente da câmara de Hamburgo, Scholz conseguiu mesmo levar as negociações sobre uma nova compensação fiscal em Hamburgo a bom porto. Mas há também quem não seja fã das suas políticas. À esquerda, há quem o considere uma “calculadora” que impôs uma “era do gelo da poupança e de bloqueios”, na cidade-estado que lidera, cita o Hamburger Abendblatt.

Scholz e SPD: uma longa história

O primeiro contacto de Scholz com o partido agora liderado pelo antigo presidente do Parlamento Europeu aconteceu em 1975, tinha o advogado 17 anos. Nessa altura, Olaf envolveu-se na organização juvenil do SPD. Apesar da sua longa ligação aos social-democratas, o autarca não tem poupado as críticas a Martin Schulz, depois do desastre eleitoral de setembro: o SPD não conquistava tão poucos votos desde a II Guerra Mundial.

Segundo o Der Spiegel, depois dessa ida às urnas, Olaf Scholz — que tem sido, repetidamente, apontado como possível sucessor de Schulz — deu entrevista polémica atrás de entrevista polémica, chegando mesmo a pôr na capa do Die Welt o pedido de “mais ousadia na política”.

Neto de funcionários dos caminhos-de-ferro e filho de comerciantes da indústria têxtil, Olaf Scholz é casado, não tem filhos e especializou-se em direito laboral.

Negociações concluídas com êxito

Na manhã desta quarta-feira, os conservadores de Merkel e os social-democratas de Schulz chegaram, finalmente, a um acordo para formar um novo Governo de coligação alemão.

O pacto que marca o fim do impasse governativo vai ser agora referendado junto dos membros do SPD. Se for aprovado, a líder da CDU dará início ao seu quarto mandato como chanceler alemã. Caso contrário, Merkel terá duas opções: ou forma um Governo minoritário ou regressa às urnas.

O acordo para uma “grande coligação” exigiu aos conservadores algumas concessões significativas. Algumas das pastas mais importantes ficarão, por isso, nas mãos dos social-democratas. Para além da das Finanças, a dos Negócios Estrangeiros, a do Trabalho, a da Justiça, a do Ambiente e a da Família serão responsabilidade do partido liderado pelo antigo presidente do Parlamento Europeu. Neste mesmo sentido, Martin Schulz será ele mesmo ministro dos Negócios Estrangeiros.

Os resultados “inconclusivos” das eleições de setembro colocaram a chanceler alemã numa posição debilitada. Depois da aliança com os Verdes e com o FDP ter caído por terra, Angela Merkel viu-se mesmo obrigada a recorrer ao apoio do SPD para forjar uma “grande coligação”.

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