Centeno assume que investimento ajudou a cortar défice de 2016, mas não de 2017

  • Margarida Peixoto
  • 31 Janeiro 2018

Mário Centeno assumiu que o corte nas despesas de capital ajudou baixar o défice em 200 milhões de euros, em 2016. Mas garante que o mesmo já não aconteceu em 2017 - verificou-se o contrário.

O ministro das Finanças, Mário Centeno, assumiu esta quarta-feira que a redução do investimento ajudou a cortar o défice em 2016, em 200 milhões de euros. Contudo, frisou que o mesmo já não se verificou em 2017. No ano passado, verificou-se precisamente o contrário.

Na audição do ministro na Comissão Parlamentar de Orçamento e Finanças, as críticas ao baixo investimento público foram comuns da direita à esquerda políticas. Inês Domingos, deputada do PSD, frisou que “o investimento público em 2017 ficou abaixo do orçamentado”, Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, notou que dizer que sempre foi assim “não é uma resposta aceitável”. E também o PCP e o CDS criticaram a falta de investimento público.

Perante as críticas, Mário Centeno foi primeiro notando o aumento dos recursos humanos — médicos e enfermeiros — no Serviço Nacional de Saúde. Lembrou repetidamente o “enorme investimento no sistema financeiro” que representou a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, e garantiu que o investimento público leva tempo, que está em grande medida dependente dos quadros comunitários de apoio.

Em 2016 o défice melhorou, números redondos, próximo de mil milhões de euros. Desses mil milhões de euros, o contributo do saldo de capital foi de 200 milhões de euros.

Mário Centeno

Ministro das Finanças

Mas a certa altura, Centeno valeu-se nos números e acabou por assumir a ajuda do corte do investimento para a redução do défice de 2016. “Em 2016 o défice melhorou, números redondos, próximo de mil milhões de euros. Desses mil milhões de euros, o contributo do saldo de capital foi de 200 milhões de euros”, revelou o ministro. Ou seja, cerca de 20% da redução do défice, ou o equivalente a quase uma décima do PIB.

“Por isso é que o impacto no défice é muitíssimo menor, e houve de facto em 2016, de 200 milhões de euros, mas já não existiu em 2017,” somou. “Em 2017 o saldo de capital tem um contributo negativo para a evolução do défice, porquê? Porque a despesa de capital aumentou mais do que a receita de capital”, concretizou Mário Centeno. Em 2017, o contributo negativo do investimento foi de cerca de 50 milhões de euros.

Tal como o ECO já contou, o investimento público subiu 20% em 2017, mas ficou, ainda assim, aquém da meta que tinha sido estabelecida pelo próprio Governo.

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