Fracasso de Merkel ajuda juros da dívida portuguesa a baixar

  • Margarida Peixoto
  • 21 Novembro 2017

Os juros das Obrigações soberanas a dez anos estavam a baixar esta manhã. A ajuda vem da Alemanha, onde Merkel não conseguiu fechar um acordo de governação.

Evolução dos juros da dívida portuguesa a dez anos nos últimos 12 meses.

Para Merkel, a conjuntura política não está fácil. Mas o infortúnio da chanceler está a resultar numa vantagem para países como Portugal. Esta terça-feira, os juros da dívida soberana portuguesa caíram para um novo mínimo, chegando a 1,916% no mercado secundário, com o spread face à dívida alemã a encolher. Os investidores estão a reagir ao fracasso das negociações de Merkel com os liberais do FDP, que são contra uma maior integração europeia, adianta a Bloomberg.

No domingo, Angela Merkel reconheceu que as negociações que decorriam entre a CDU (União Democrata Cristã), o FDP e os Verdes fracassaram. Desde as eleições de setembro que os três partidos estavam à procura de um entendimento, mas sem sucesso. Na segunda-feira, a chanceler mostrou-se ainda disponível para novas eleições, preferindo esse cenário a um governo minoritário.

Entretanto, nos mercados, os juros de Portugal aliviam, tendo recuado quatro pontos base, como mostra o próximo gráfico.

A descida galopante dos juros

Fonte: Bloomberg

Durante a manhã, os juros tocaram em 1,916%, o valor mais baixo desde 27 de abril, data em que ficaram em 1,900%. O spread face à dívida alemã também estava a diminuir esta terça-feira, situando-se em 1,5763 pelas 11h30.

Mas os ganhos não são um exclusivo de Portugal. Os dados da agência internacional de notícias mostram que também Itália e Espanha estão a ver os juros descer. Esta manhã, os juros italianos caíram cinco pontos base, para 1,76%, e os espanhóis recuaram até 1,47%.

“Os liberais, de entre os três partidos [em negociações para formar Governo] eram os únicos que estavam a defender uma postura dura nas conversações de integração europeia”, explicou Michael Leister, analista do Commerzbank, à Bloomberg. “Este medo diminuiu”, concretizou.

Tendo em conta que Portugal, Itália e Espanha estão a braços com uma dívida pública muito pesada, uma maior integração europeia é vista como benéfica para estes países, na medida em que poderia ajudar a diminuir os custos suportados com os encargos da dívida. Além disso, um dos objetivos do aprofundamento da união económica monetária é diminuir o fator nacionalidade nos custos de financiamento da banca, favorecendo, por essa via, as economias mais frágeis.

Em Portugal, o Tesouro tem aproveitado a baixa dos juros para substituir dívida mais cara por financiamento mais barato. Só este ano o IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública já amortizou mais de nove mil milhões de euros do empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI). Com estes pagamentos antecipados, o país está quase livre do pagamento do spread agravado por ter obtido um empréstimo superior à fasquia determinada pela sua quota no FMI.

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