Merkel lamenta fracasso de negociações para formar Governo

Desde as eleições de setembro, a CDU (União Democrata Cristã) de Angela Merkel, a União Social-Cristã (CSU), o FDP e Os Verdes, negociavam para alcançar um acordo prévio.

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, lamentou no domingo em Berlim o fracasso das negociações da CDU com os liberais do FDP e com Os Verdes para a formação de um novo Governo.

Desde as eleições de setembro passado, a CDU (União Democrata Cristã) de Angela Merkel, a União Social-Cristã (CSU), o FDP e Os Verdes, negociavam para alcançar um acordo prévio que lhes permitisse iniciar negociações formais de coligação.

Após 12 horas de negociações CDU e Liberais não foram capazes de chegar a acordo, e o euro bateu um mínimo de dois meses face ao iene, assim que o anúncio foi conhecido. A chanceler lamentou. “Obviamente, com cedências, isto faz parte de uma coligação onde os parceiros têm de se aproximar e reduzir as distâncias que os separam. Como tal, com todo o respeito pelo FDP, que não tenhamos chegado a uma solução comum”, disse Angela Merkel no final de mais esta ronda negocial. E acrescentou que fará tudo para que a Alemanha seja bem liderada durante “as difíceis semanas que se avizinham”.

Por seu turno, os liberais preferem não governar a aceitar “governar de forma errada”. “Não deixaremos o nosso eleitorado desamparado avançando com uma forma de política cuja parte central não nos convence. É melhor não governar do que governar de forma errada”, disse o líder da FDP, Christian Lindner.

Os pontos críticos das negociações têm que ver com a política de refugiados, a luta contra as alterações climáticas e os desejos de reduções fiscais por parte do FDP.

O Presidente alemão, Frank Walter Steinmeier, tinha instado os partidos a chegarem a um compromisso e apelou para que assumissem as responsabilidades que os eleitores lhes deram nas eleições de setembro.

E agora?

Na história da República Federal da Alemanha, isto é desde 1949, nunca houve um Governo de minoria a nível federal, e formaram-se sempre coligações com acordos prévios que fazem as vezes de programa comum de Governo.

Agora, perante colapso das negociações há duas opções, sem precedentes: Merkel pode formar um Governo minoritário ou o Presidente convoca novas eleições, caso seja impossível de formar governo.

Os social-democratas de centro esquerda (SPD), os atuais parceiros de coligação de Merkel foram a segunda força mais votada nas eleições de setembro, mas excluíram a possibilidade de repetir a aliança com os conservadores, a quem faltam cinco assentos no Parlamento.

Contudo, o aliado de Merkel, Jens Spahn, disse que não está a pensar em novas eleições e admitiu a possibilidade de se juntar ao SPD. “Temos um Governo em funções capaz, as coisas necessárias podem ser conseguidas”, disse, citado pela Reuters. “Não há razões para pânico”. “Alguns ministros dos SPD já deixaram claro que querem governar”, disse Spahn à televisão n-tv. “O SPD vai ter de decidir se está pronto para assumir a responsabilidade, pelo maior país no meio da Europa”.

Há pouco apetite para a realização de novas eleições já que os principais partidos receiam que a AfD acabe por conquistar ainda mais votos. Recorde-se que nas eleições de setembro a extrema-direita conseguiu 13%, passando a ser a terceira maior força política.

Problemas para a economia

As dificuldades em formar Governo, na maior economia europeia, poderão ter implicações para toda a zona euro quer seja em termos das reformas ambicionadas pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, até à forma como se vão desenhar as relações com o Reino Unido depois de este abandonar a União Europeia. No imediato, as bolsas esta manhã abriram em terreno negativo devido à incerteza política na Alemanha.

O próximo Governo tinha a expectativa de aumentar a despesa pública, acalentando as esperanças de mais estímulos orçamentais para uma economia que assenta no consumo e na despesa pública para crescer.

A Câmara de Comércio e Indústria alemã DIHK já alertou que um prolongado período de incerteza será mau para a economia. “Há o risco de os trabalhos nas principais áreas para o futuro da nossa economia serem adiados durante muito tempo”, disse Eric Schweitzer, o presidente da DIHK. “As empresas alemãs devem agora preparar-se para um possível longo período de incerteza. Isso é sempre difícil para a economia”, acrescentou, citado pela Reuters.

Parceiros europeus preocupados

O Presidente francês já falou com Angela Merkel, logo na noite de domingo, depois do fracasso das negociações. “Não é do nosso interesse que o processo pare”, disse Emmanuel Macron aos jornalistas em Paris.

Macron considerou que “há um risco real” de não haver acordo e considerou “bastante duras” as declarações do líder dos liberais, Christian Lindner, que disse ser “melhor não governar do que governar mal”.

Já o ministro holandês dos Negócios Estrangeiros classificou este fracasso como “más notícias para a Europa”. “São más notícias para a Europa que o Governo alemão demore um pouco mais”, disse o novo chefe da diplomacia alemã, Halbe Zijlstra, à chegada a Bruxelas para a reunião de Assuntos Gerais, onde vai ser decidida a localização da Agência do Medicamento.

O Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, cancelou esta segunda-feira a visita que tinha previsto fazer até terça-feira ao Estado federado de Renânia do Norte-Vestfália, depois do fracasso, das negociações para formar Governo. O Presidente é o responsável pela definição de uma rota para a nomeação de um novo Governo.

(Artigo atualizado às 9h50)

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