PS pede que se valorize o acordo com Bruxelas, PSD pede informação

João Galamba, deputado socialista, pediu que a demissão da administração da Caixa não ofusque o acordo alcançado com a Comissão Europeia. Já o PSD não desarma no pedido de explicações ao Governo.

Os socialistas querem fechar o assunto, já os sociais-democratas mantêm pressão forte para que sejam prestados esclarecimentos. Perante a demissão de António Domingues — acompanhada já por outros seis gestores da sua equipa — João Galamba, deputado do PS, pediu esta segunda-feira que não se esqueça o acordo conseguido com Bruxelas para recapitalizar a Caixa. Mas Luís Montenegro, líder da bancada do PSD, exigiu ainda mais esclarecimentos.

“O mais importante é garantir que o acordo para a recapitalização do banco público não será afetado”, frisou João Galamba, assegurando que “os processos são independentes” e que “o acordo para a recapitalização é independente da composição concreta do conselho de administração” do banco. “O mais importante foi ter conseguido o que muitos diziam ser impossível, a manutenção na esfera pública e a recapitalização”, sublinhou, numa conferência de imprensa na Assembleia da República.

Galamba assumiu que o PS gostaria “que alguns aspetos [na gestão deste dossier] tivessem corrido melhor” mas acusou o PSD e o CDS de atuar “numa lógica niilista de causar dificuldades ao país.” E frisou: “Se o PSD e o CDS são genuínos quanto às suas afirmações na defesa do banco público valorizem o acordo e não se entreguem à tática de guerrilha partidária.”

Montenegro responde: PSD quer ainda mais informação

“Na guerrilha política, o deputado João Galamba é um verdadeiro especialista”, respondeu Luís Montenegro, líder da bancada parlamentar do PSD, que falou logo de seguida, perante os jornalistas. “Se os deputados do PS acham que o que fortalece o sistema financeiro é o silêncio do maior partido da oposição sobre os problemas, estão muito enganados. O que retira confiança e traz instabilidade é a confusão e a trapalhada” na gestão do dossiê da Caixa.

Montenegro reafirmou assim que os deveres de informação tanto dos administradores da Caixa, como do Governo, sobre as questões que marcaram a polémica não se apagaram com a demissão do presidente do conselho de administração do banco. Desde logo, notou, os gestores devem entregar na mesma as suas declarações de rendimentos e património. Mas não só: “A administração demissionária deve explicar cabalmente as razões da sua saída e o Governo deve dizer muito mais do que o comunicado de ontem à noitinha.”

“O primeiro-ministro tem muito a explicar. Assistimos a declarações do primeiro-ministro a fugir às suas responsabilidades, mas ele é o ator principal deste filme, é o mentor de todo este processo. Não pode dar à sola e não assumir as suas responsabilidades quando o Governo enfrenta dificuldades”, criticou Montenegro.

Há “muitas perguntas” às quais o PSD quer resposta: “Por que se demitiram os administradores da CGD? A que informação tiveram acesso antes de serem nomeados? Como é que os interesses da Caixa estão agora acautelados? Houve, ou não, conflitos de interesse durante o exercício de funções?”, elencou o líder parlamentar do PSD.

Montenegro lembrou ainda que o Governo tem insistido que toda a informação que foi utilizada no processo negocial com a União Europeia, para o desenho do plano de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, era pública. Se assim é, o Governo já devia ter enviado ao Parlamento toda a documentação que esteve na base dessas reuniões e do plano de recapitalização que foi negociado com Bruxelas”, frisou.

“Andamos há 11 meses a apresentar ao Governo a necessidade de dar explicações que o Governo nunca quis dar. Perante isto tudo, o primeiro-ministro continua a dizer ao país que isto não é nada com ele”, disse ainda.

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