Bruxelas ameaça retaliar tarifas de Trump às importações de carros

Uma tarifa de 25% teria um impacto negativo inicial de 13 a 14 mil milhões de dólares no PIB norte-americano, sem qualquer melhoria no seu saldo comercial, revelam os cálculos da UE.

A União Europeia lançou um alerta aos Estados Unidos: se impuserem tarifas à importação de carros e componentes automóveis vão prejudicar a sua própria indústria automóvel, mas também arriscam-se a desencadear medidas de resposta por parte dos seus parceiros comerciais.

Num documento de dez página enviado na passada sexta-feira ao Departamento norte-americano de Comércio, a União Europeia argumentou que a imposição de tarifas sobre automóveis e componentes é injustificada e não tem um racional económico. Uma tarifa de 25% teria um impacto negativo inicial de 13 a 14 mil milhões de dólares no PIB norte-americano, sem qualquer melhoria no seu saldo comercial, revelam os cálculos europeus.

As contramedidas semelhantes às adotadas em resposta às importações de tarifas norte-americanos sobre o aço e alumínio até 294 mil milhões de dólares das exportações americanas — 19% do total das exportações dos EUA — poderão ser afetadas, acrescenta a UE no mesmo documento.

O Departamento norte-americano de Comércio lançou a sua investigação, ao abrigo da segurança nacional, a 23 de maio de acordo com as instruções do Presidente Donald Trump, que tem repetidamente criticado a UE pelo excedente comercial que tem com os Estados Unidos e por ter tarifas aduaneiras mais elevadas à importação de carros. A taxa na Europa é de 10% face aos 2,5% que pagam os carros europeus que entram no mercado americano.

Trump disse, a semana passada, que o Governo estava a concluir um estudo sobre o tema e sugeriu que os Estados Unidos agirão em conformidade brevemente, sendo que já ameaçou impor uma tarifa de 20% sobre todos os carros montados no mercado europeu.

A União Europeia contrapõe que em alguns bens, nomeadamente camiões, as tarifas à importação norte-americanas são mais elevadas. No documento entregue ao Departamento do Comércio a UE frisa que as empresas europeias fazem cerca de 2,9 milhões de carros nos Estados Unidos, gerando 120 mil postos de trabalho direto ou 420 mil se forem incluídos os stands de automóveis e os lojas de vendas de componentes.

Os europeus frisam que as importações americanas não cresceram muito e que a evolução acompanhou a expansão global do mercado automóvel americano, cujo aumento de procura não poderia ser satisfeito pela produção interna.

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