EDP Brasil aposta em humanizar a digitalização do trabalho

  • ECO + EDP
  • 19 Janeiro 2018

Conceitos ligados à digitalização trarão maior produtividade, redução de custos e mais eficiência, acreditam os especialistas.

Economia digital, digitalização da economia, transformação digital, inteligência artificial, robotização dos processos, automatização dos procedimentos. Tudo conceitos que, dizem os especialistas, vão levar a uma maior produtividade, redução de custos e eficiência empresarial que deverão resultar em competitividade e ganhos materializados em receitas.

E numa época em que tecnologicamente tudo nos parece possível, é o lado “humano” desta transformação digital que agora começa a ser debatido quase em caráter de responsabilidade social. A EDP Brasil anunciou recentemente o seu compromisso face a esta procura, numa altura em que está a investir 2,2 milhões de euros em inteligência artificial.

A empresa controlada pelo grupo EDP Energias de Portugal assinou, recentemente um pacto empresarial por aquilo que apelidou de “digitalização humanizada do trabalho”. Em parceria com a EY Brasil, a Faculdade de Informática e Administração Paulista – FIAP e a Korn Ferry, o objetivo anunciado deste acordo é “sensibilizar os gestores para o desenvolvimento da robotização de processos com enfoque no ser humano”.

Miguel Setas, presidente da EDP Brasil, eleito pela revista Forbes como um dos melhores presidentes executivos do país em 2017, explica ao ECO que esta plataforma de debate e troca de melhores práticas sobre o processo de transformação digital no ambiente corporativo quer “mobilizar as lideranças empresariais brasileiras num movimento humanizador da digitalização do trabalho, envolvendo toda a sociedade e partes interessadas”.

Assim, estas quatro empresas definiram um conjunto de princípios orientadores para a digitalização do trabalho, com o ser humano no centro da tomada de decisão. O denominado “Pacto Empresarial Brasileiro pela Digitalização Humanizada do Trabalho” estabelece dez princípios fundamentais que vão desde a humanização à liderança passando pela integração, inclusão ou segurança.

Alexandre de Botton, Sócio da Korn Ferry, Luiz Sérgio Vieira, CEO da EY Brasil, Gustavo Gennari, CEO da FIAP e Miguel Setas, Presidente da EDP Brasil.

Além da estruturação e fundação deste pacto, as quatro companhias anunciaram ainda a realização do primeiro “Summit” desta parceria, um evento que está previsto ser realizado no primeiro trimestre deste ano e reunirá executivos e especialistas em debates sobre a digitalização de processos e os impactos da utilização de sistemas robóticos na sociedade e nas empresas.

Pioneiros na transformação digital

A EDP afirma ter sido pioneira no setor elétrico brasileiro a lançar um “Centro de Excelência em Robotização”, implantado na cidade de São Paulo e constituído por profissionais capacitados para programação de sistemas robóticos.

Agora, Miguel Setas diz que a companhia quer estar na linha de frente na adoção de um quadro de melhores práticas na introdução das tecnologias de digitalização do trabalho. “A EDP entende que a digitalização não deve ser vista apenas como um instrumento de eficiência e produtividade, mas deve servir essencialmente para ampliar as capacidades humanas. Nesse sentido, compromete-se com princípios que definem as fronteiras e estabelecem os vetores norteadores dessa evolução tecnológica no ambiente de trabalho”.

A empresa controlada pelo grupo EDP Energias de Portugal é a primeira do setor elétrico a desenvolver a robotização de processos, tem já em funcionamento mais de 15 robôs de primeira geração e está atualmente a trabalhar na implementação de mais 23 robôs, o equivalente a 36 mil horas robotizadas por ano. A meta é atingir mais de 100 robôs até o final de deste ano, “o que permite libertar as pessoas para atividades mais analíticas e criativas”, explicou o executivo, adiantando que o foco inicial desta digitalização de processos foi a área de serviços partilhados. Até ao final deste ano, as unidades de negócio que englobam a produção, distribuição, comercialização e serviços e corporativo, também deverão usufruir desta digitalização.

Investimento de 2.2 milhões em IA

De resto, este é já o resultado dos compromissos assumidos no pacto, uma vez que a EDP e a EY, juntamente com a Universidade de São Paulo (USP), deram início a um projeto de pesquisa & desenvolvimento para sistemas de inteligência artificial (IA) aplicados à área de distribuição de energia. Com investimento de 2.2 milhões de euros ao longo de 18 meses, o projeto estudará os impactos da automação de processos com robôs de última geração.

“Através do projeto de Pesquisa e Desenvolvimento, a EDP pretende dar mais um passo relevante no setor elétrico, através do desenvolvimento de robôs de terceira geração e superior, com o uso de inteligência artificial, capazes de aprender a identificar padrões e tomar decisões”, ilustrou Miguel Setas. Estes sistemas deverão ser aplicados aos processos de negócio da distribuição, como por exemplo, para combate à fraude, gestão de dívida de clientes, gestão operacional de redes, entre outros processos.

O executivo garante que com a introdução de robôs nos processos de trabalho, a EDP registrou uma redução expressiva no tempo necessário para a execução de atividades repetitivas. “Em alguns processos e atividades administrativas do Centro de Serviços Partilhados chegamos a reduzir em mais de 80% o seu tempo de execução”, salientou. E garantiu que “a introdução da digitalização nos processos de trabalho permitirá atingir níveis superiores de eficiência e a concentração do trabalho humano em funções de maior valor acrescentado”.

Tempos de mudança digital

A transformação digital já está a produzir alterações profundas nos modelos de negócio das empresas da chamada “Indústria 4.0”. E Miguel Setas admite que esta transformação está a alterar a maneira como as pessoas trabalham, se relacionam e vivem. “As organizações também já estão a passar por essas mudanças. Naturalmente, algumas funções deixarão de ser realizadas por seres humanos, no entanto, surgirão novas funções que até hoje não existiam nas empresas”.

Segundo este responsável, a EDP entende que as tecnologias digitais devem ser aplicadas para potenciar as capacidades humanas e para permitir às pessoas envolvidas em tarefas mais repetitivas a concentração em trabalhos de maior valor acrescentado. “Para além da produtividade e eficiência, é crucial que as mudanças potencializem as capacidades humanas”.

Ao subscrevermos este pacto a empresa assume querer incentivar um movimento das empresas brasileiras para que a introdução destas novas tecnologias siga um conjunto de melhores práticas, que considerem sempre o fator humano na tomada de decisão. “Dessa forma, entendemos que a transição para este novo paradigma organizacional se fará de forma mais humanizada”. Para terminar, o presidente da EDP Brasil acrescenta que será também uma oportunidade para requalificação e obtenção de novas capacidades. “No prazo de três a cinco anos, pretendemos que todos os nossos colaboradores passem por formação que promova a sua inclusão digital”.

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