Donald Tusk diz que acordo sobre o Brexit depende do Reino Unido

Presidente do Conselho Europeu diz que acordo sobre o Brexit depende unicamente do Reino Unido. Empresas britânicas estão preocupadas com acordo de transição. May terá pedido ajuda a Juncker.

O Presidente do Conselho Europeu disse que cabe ao Reino Unido decidir se há, ou não, um acordo nas negociações do Brexit. E que esse acordo apenas será conseguido se a União Europeia se mantiver unida. Por sua vez, Juncker acredita que a União Europeia e o país de Theresa May conseguirão chegar a um acordo justo, não estando a negociar num clima de rivalidades.

Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, disse esta terça-feira que a negociação da saída do Reino Unido da UE depende unicamente do Reino Unido. “Conseguimos manter a unidade entre os 27. Mas, antes de nós, ainda há um teste de stress mais difícil. Devemos manter-nos unidos, independentemente do sentido das negociações. A UE estará à altura de qualquer cenário, desde que não estejamos divididos“, afirmou Tusk, num discurso no Parlamento Europeu em Estrasburgo.

Cabe ao Reino Unido determinar se haverá um bom acordo, uma falta de acordo ou pôr fim ao Brexit“, acrescentou, garantindo que, “seja qual for o cenário”, a União Europeia precisa de se manter unida para conseguir proteger os seus interesses comuns. Estas declarações surgem uns dias depois de os governantes europeus se terem comprometido com Theresa May a preparar internamente os 27 países para uma futura relação com o Reino Unido, apesar dos poucos progressos que têm havido no processo de saída.

Perante os eurodeputados, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, mostrou-se confiante num acordo justo, afirmando que é essa a vontade da UE. “A Comissão não está a negociar num clima hostil. Queremos um acordo. Aqueles que não querem um acordo (…) não têm amigos na Comissão. Queremos um acordo justo“, disse Juncker ao Parlamento Europeu.

Empresas preocupadas com acordo de transição

Menos tranquilas, as principais empresas do Reino Unido estão preocupadas com a falta de progressos nas negociações do Governo. Esta segunda-feira, os principais líderes empresariais enviaram uma carta ao Governo britânico a pedir que seja negociado “o mais breve possível” um acordo de “transição para o Brexit”.

É necessário chegar a um acordo (de transição) o mais breve possível, já que as empresas estão a preparar-se para adotar decisões importantes no início de 2018, as quais terão consequências para os empregos e investimento no Reino Unido”, lê-se na carta enviada pelos signatários, que incluem a Câmara de Comércio e a Federação das Pequenas Empresas.

Há uma preocupação clara de que o Reino Unido possa sair do maior bloco comercial do mundo sem um acordo, prejudicando os principais setores empresariais. As empresas têm apelado ao Governo para que seja fechado um acordo de transição com a UE que lhes permita manter as condições de que gozam atualmente num período de dois anos após o Brexit, em março de 2019. No entanto, o porta-voz de May adiantou que esse acordo não existirá fora do acordo global, que não deverá estar fechado muito antes da data-limite.

Merkel “furiosa” com revelações sobre negociações entre May e Juncker

Este domingo, um jornal alemão revelou conversas privadas da Primeira-ministra britânica sobre o Brexit, nomeadamente com o presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker. Esta terça-feira, dois dias depois, o Times revelou que quem não gostou de ouvir essas conversas foi a chanceler alemã, Angela Merkel.

O presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker e a primeira-ministra britânica Theresa May.European Union, 2017

Na causa desta reação estão as conversas entre os dois governantes, sobre as quais o jornal alemão alega que Theresa May “suplicou” ajuda no processo do Brexit, mostrando-se “ansiosa, desalentada e desanimada”. Merkel mostrou-se “furiosa” com isto, receando que estas informações possam derrubar o Governo britânico de May. “Angela Merkel está furiosa com o que se publicou [no domingo]. Sabe-se que já perdeu a paciência com os conservadores britânicos, mas a última coisa que deseja é o afastamento de May em plena negociação sobre o Brexit”, disse uma fonte do Times.

Posto isto, Juncker mostrou-se surpreendido com as informações publicadas na Alemanha, acrescentando que o encontro com Theresa May foi “um excelente jantar de trabalho”. O presidente da Comissão Europeia negou mesmo que May tenha “suplicado” ajuda, sublinhando que “esse não é estilo dos primeiros-ministros britânicos”.

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