Banca nacional está no bom caminho, mas ainda pouco capitalizada

Níveis de malparado elevados, fraca rentabilidade e uma capitalização mais baixa do que os pares europeus deixa a banca nacional ainda muito vulnerável, avalia a Comissão Europeia.

A banca portuguesa está a acompanhar o bom desempenho da economia e as perspetivas para a sua recuperação são hoje mais otimistas. Contudo, o setor financeiro nacional mantém-se vulnerável a vários fatores: os níveis de malparado são demasiado elevados, a rentabilidade é fraca e os bancos portugueses continuam bem menos capitalizados do que os pares europeus. A conclusão é da Comissão Europeia e consta do relatório sobre a sexta avaliação pós-programa, publicado esta sexta-feira.

“O desempenho económico mais forte, conjugado com alterações legislativas, traduz-se numa perspetiva mais confiante para os bancos portugueses”, começa por referir o capítulo do relatório dedicado ao setor financeiro. “Os credores portugueses também estão a beneficiar de uma melhoria na capitalização, facilitada pela recuperação económica”, acrescenta.

"Os bancos portugueses continuam a ser penalizados por elevados níveis de crédito malparado, uma rentabilidade relativamente fraca e almofadas de capital ainda baixas quando comparadas com as dos pares europeu.”

Comissão Europeia

Relatório da sexta avaliação pós-programa de ajustamento

Mas há “vulnerabilidades significativas” que permanecem. “Sem ignorar a heterogeneidade do setor, os bancos portugueses continuam a ser penalizados por elevados níveis de crédito malparado, uma rentabilidade relativamente fraca e almofadas de capital ainda baixas quando comparadas com as dos pares europeu”. Assim, a banca continua a ter de se “ajustar a um ambiente de baixas taxas de juro através do aumento das receitas”. Esse ajustamento deve ser feito, por exemplo, com a subida de comissões e com a redução de custos, aponta Bruxelas.

A contribuir para os progressos sentidos na banca estão também a plataforma para a gestão do malparado, criada no final do mês passado pelo BCP, Caixa Geral de Depósitos (CGD) e Novo Banco, e a nova legislação que veio facilitar a reestruturação de dívidas das empresas. Estas são “iniciativas importantes”, reconhece a Comissão Europeia.

Mas volta a deixar um aviso: “a identificação das empresas que são viáveis e das que devem ser liquidadas é crucial“, até porque as empresas “de maior risco” são as que respondem pela maioria do stock de dívida aos bancos, diz a Comissão Europeia. “Um terço do malparado das pequenas e médias empresas venceu há mais de três anos, enquanto, entre as empresas dos setores da construção e imobiliário, esta percentagem sobe para metade”, aponta o relatório.

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