Pedro Balsemão sobre TVI/Altice: “Quero que este negócio não avance”

À margem do congresso da APDC, Francisco Pedro Balsemão mostrou-se "preocupado" com a compra da TVI pela Meo/Altice. "Neste momento, enquanto gestor e cidadão, quero que este negócio não avance."

Francisco Pedro Balsemão, líder da Impresa, é uma voz crítica do negócio entre a concorrente TVI e a Altice, dona da MeoPaula Nunes / ECO

O nome Altice não se ouviu durante o debate do Estado da Nação dos Media, numa altura em que o grupo franco-israelita se prepara para adquirir a TVI. No entanto, à margem do congresso, Francisco Pedro Balsemão não deixou margem para dúvidas: está contra o negócio e, se avançar, haverá contra-ataque.

Em resposta a uma pergunta colocada pelo ECO, sobre se a Impresa poderia seguir um caminho semelhante caso a compra se efetive, Francisco Pedro Balsemão afirmou: “Neste momento, estou preocupado com este negócio. É natural que, se este negócio for aprovado, nós teremos que reagir. Agora, não sei dizer como. Neste momento, enquanto gestor e enquanto cidadão, quero que este negócio não avance.”

“A Impresa sempre foi a favor de uma concorrência que é sã e leal”, sublinhou o gestor, acrescentando que é necessário zelar pelas regras do pluralismo dos media. “Consideramos que há aqui, no debate [da convergência], um risco muito sério de estes dois princípios [concorrência leal e pluralismo] não serem cumpridos”, salientou.

Reiterou, por fim, a ideia que já tinha deixado durante o debate do Estado da Nação dos Media: “Somos contra este tipo de integrações verticais num mercado como o nosso, que é muito pequeno nesta área em particular dos media, que é uma área que é muito sensível.”

Francisco Pedro Balsemão (Impresa) e Gonçalo Reis (presidente da RTP) no debate do Estado da Nação dos MediaPaula Nunes / ECO

Rosa Cullell mantém intenção de ficar à frente da Media Capital

Também à margem do congresso, Rosa Cullell, antiga jornalista e, agora, presidente executiva da Media Capital, reiterou, em resposta ao ECO, a intenção de se manter na liderança da dona da TVI — isto, independentemente do desfecho do negócio com a Altice. “Eu já comentei que quero ficar. Quero ficar na Media Capital, quero ficar em Lisboa e em Portugal”, disse.

“Estou tranquila, calma, tenho de conseguir manter a liderança [da Media Capital no setor] e conseguir pôr um futuro na minha empresa. É isso que a mim me está a preocupar: pôr bons conteúdos no ar e conseguir mais e mais espetadores em todo o lado, em qualquer uma das plataformas”, acrescentou Rosa Cullell.

Sobre a possibilidade de o negócio não passar no crivo dos reguladores, sobretudo depois do parecer negativo (não vinculativo) da Anacom, Rosa Cullell disse: “Existe essa possibilidade: pode ser vetado e pode não ser.” E desvalorizou o parecer da Anacom: “Não é vinculativo. Está a pedir compromissos, está a pedir garantias. A Altice é que tem de responder, não sou eu.”

Rosa Cullell mantém as intenções de ficar à frente da Media CapitalPaula Nunes / ECO

Gonçalo Reis reconhece “impacto” do negócio no setor

Por sua vez, o presidente da RTP, Gonçalo Reis, reconheceu que o negócio terá “impacto” no setor, mas preferiu não clarificar se vai ser um impacto positivo ou negativo.

“Acompanhamos os equilíbrios acionistas dos operadores privados. Têm impacto no setor. Mas, para tratar desse tema, existem os reguladores. Existem entidades que têm de assegurar” o cumprimento da regras, defendeu.

“O nosso grande foco está na RTP, em prestar um grande serviço público. A nossa agenda é essa. A nossa obsessão é fazer bom serviço público, todos os dias e levá-lo ao maior número de pessoas possível”, acrescentou. E, sem entrar em mais detalhes, concluiu: “Qualquer alteração tem sempre impactos.”

(Noticia atualizada às 20h43 com mais informações)

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