Portugal paga juro de 2,785% por 850 milhões de dívida a dez anos

  • Margarida Peixoto
  • 13 Setembro 2017

O Tesouro colocou 850 milhões de euros em dívida com maturidade em 2027. O juro ficou nos 2,785%, abaixo dos 3,085 de julho e foi o valor mais baixo exigido este ano pelos investidores.

Portugal emitiu esta quarta-feira 850 milhões de euros em Obrigações do Tesouro a dez anos com um juro de 2,785%. Face à última emissão comparável, feita em julho, o valor exigido pelos investidores para financiar Portugal foi agora mais baixo.

Na emissão desta manhã a procura superou 2,06 vezes a oferta, uma relação que ultrapassa a procura de 1,52 vezes que tinha sido registada há dois meses. Em julho, o Tesouro tinha colocado 685 milhões de euros com um juro de 3,085%.

A taxa conseguida agora fica também abaixo da obtida em junho, o que faz do juro exigido agora pelos investidores o mais baixo do ano e o mais baixo desde novembro de 2015. Há três meses, Portugal colocou 750 milhões de euros em Obrigações do Tesouro a dez anos, por um juro de 2,851%.

Juro foi o mais baixo desde novembro de 2015

Fonte: IGCP

“Este financiamento teve os custos mais baixos desde final de 2015, um ano que as taxas das emissões foram muito baixas. Nesse ano houve quatro emissões de dívida a dez anos, todas com taxas baixas e a taxa conseguida hoje aproxima-se desses níveis,” diz Filipe Silva, diretor da gestão de ativos do Banco Carregosa, numa nota enviada às redações.

Foi uma “operação bem-sucedida,” soma Tiago da Costa Cardoso, gestor da corretora XTB, também num comentário enviado aos jornalistas. “O resultado deste leilão é positivo, se considerarmos que esta manhã houve muita concorrência no mercado primário de dívida pública na Europa, com a Itália, a Alemanha e o Reino Unido a emitir títulos a dez anos,” acrescenta ainda Steven Santos, gestor do BIG.

Porque é que Portugal está a pagar menos?

Apesar de o valor nominal da dívida pública portuguesa estar a subir (os dados mais recentes mostram que já se aproxima dos 250 mil milhões de euros) Cristina Casalinho, presidente do IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública tem conseguido juros mais baixos para financiar Portugal. Como?

“Portugal está a beneficiar dos bons dados económicos que tem divulgado, da revisão otimista da perspetiva do rating da dívida por parte da Moody’s, uma grande ajuda vem das compras do BCE, mas também beneficia da própria folga financeira no financiamento do Estado que, com operações de troca e emissões tem conseguido alongar a maturidade da dívida portuguesa,” explica Filipe Silva.

O clima favorável vivido por Portugal nos planos macroeconómico e internacional foi muito relevante para a diminuição do custo de financiamento nesta operação.

Steven Santos

Gestor do BIG

Além disso, acrescenta Tiago da Costa Cardoso, há um “maior apetite pelo risco” no segundo semestre do ano. Os índices estão “próximo de máximos históricos” e não se têm verificado “eventos de risco que possam criar alguma instabilidade nos próximos tempos,” argumenta. “O clima favorável vivido por Portugal nos planos macroeconómico e internacional foi muito relevante para a diminuição do custo de financiamento nesta operação,” corrobora Steven Santos.

Contudo, para o gestor da XTB, o valor colocado foi um “ponto negativo”, uma vez que ficou a meio do intervalo pretendido (entre 750 milhões e 1.000 milhões de euros). Costa Cardoso diz que esta foi a forma de manter a taxa de juro baixa.

O leilão desta manhã foi a primeira vez que o Tesouro português testou os mercados desde que a Moody’s melhorou a perspetiva sobre a dívida nacional, a 1 de setembro. A expectativa para este leilão já era a de que a República conseguisse uma taxa de juro mais baixa do que a da última operação comparável. Até porque quando se aguardava que Mario Draghi pudesse sinalizar a retirada dos estímulos à zona euro, o presidente do Banco Central Europeu mostrou-se disponível para prolongar a política expansionista.

Na próxima sexta-feira será a vez da Standard & Poor’s se pronunciar sobre a economia portuguesa. Esta é a única das três grandes agências de rating que ainda não colocou Portugal em perspetiva positiva para a melhoria da notação de crédito, mantendo a avaliação em estável. Se no final da semana a S&P melhorar também o outlook português, isso será uma nova indicação positiva de que Portugal está próximo de sair do grau especulativo (o chamado lixo), regressando ao nível de investimento.

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