Exclusivo Caixa contrata Société Générale para vender banco em Espanha

  • Rita Atalaia
  • 15 Julho 2017

A CGD já escolheu o banco que vai apoiar a venda das operações no país vizinho. CaixaBI também vai estar envolvido nesta operação. Fica a faltar a luz verde do Ministério das Finanças.

Paulo Macedo deixou claro que uma das prioridades seria a venda das operações que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) ainda tem em Espanha. E este processo está agora a dar mais alguns passos. O banco estatal já contratou o Société Générale para o apoiar nesta alienação, apurou o ECO. Uma operação que também vai contar com a assessoria do CaixaBI — o banco de investimento da Caixa.

Agora que está escolhido o banco que fará a assessoria desta venda, fica apenas a faltar um decreto-lei do Ministério das Finanças que permita esta venda, uma vez que estamos perante uma empresa pública. Contactada pelo ECO, a CGD não quis comentar.

A venda da operação em Espanha é uma “prioridade”, apesar de o Banco Caixa Geral Espanha ter contribuído com lucros de 25 milhões no ano passado para os resultados do grupo CGD. Foi esta a garantia que o presidente da CGD deixou na apresentação dos resultados do banco referentes ao ano de 2016 — quando a Caixa apresentou prejuízos de 1.859,5 milhões de euros, em resultado das elevadas imparidades que superaram a fasquia dos três mil milhões.

Este buraco levou a CGD a uma recapitalização de cinco mil milhões de euros, processo que envolveu dinheiros públicos e privados. O facto de ter existido uma injeção de capital estatal no banco necessitou de aprovação por parte de Bruxelas que obrigou a uma reestruturação da CGD. Um plano de negócios que vai levar a uma redução da presença internacional, com a venda das operações em Espanha, África do Sul e Brasil, mas também ao fecho de agências e despedimentos de funcionários em Portugal.

“Buraco” financeiro em Espanha

A justificação para os problemas em Espanha baseia-se, sobretudo, nas “operações da banca de investimento”, de acordo com o livro “Caixa Negra”. Segundo vários ex-responsáveis, o banco acabou por se envolver em operações que penalizaram o grupo.

“Segundo o dossiê deixado por Faria de Oliveira na comissão de inquérito à CGD, 20% das imparidades registadas em Espanha pelo grupo deveram-se a operações que tiveram lugar no Banco Caixa Geral. Os restantes 80% deviam-se a outras entidades do grupo, sobretudo as originadas no CaixaBI. Era em Espanha que ficavam parqueadas operações que podiam nem ter nada a ver com o país.”

É neste contexto que surgem investimentos ruinosos, como é o caso da La Seda e Artlant. Foi em 2006 que a CGD entrou no capital da La Seda Barcelona – uma petroquímica espanhola que produzia fibras artificiais e sintéticas em toda a Europa. Este também foi um dos projetos que levou o banco estatal a registar imparidades elevadas, uma vez que os empréstimos concedidos não foram devolvidos — a CGD investiu 121,3 milhões de euros na La Seda e financiou esta empresa em 75 milhões.

Ainda neste universo, a Artlant (fornecedora da La Seda) foi outra das empresas que pediu financiamento ao banco estatal, mas que não o devolveu — está em PER. Ao todo, a Artlant ficou a dever perto de 600 milhões de euros à CGD.

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