Orçamento EUA: Quem ganha e quem perde

  • Juliana Nogueira Santos
  • 16 Março 2017

O pedido de Orçamento para 2018 já foi divulgado e conta com grandes cortes e grandes aumentos. Quais são os departamentos que ganham e os que perdem com ele?

Pouco a pouco, a Administração de Trump começa a desvendar os pormenores dos planos que tem para o país. Hoje foi a vez das contas com o pedido oficial de Orçamento para 2017 e 2018 a ser divulgado. Este vai ser entregue ao Congresso ainda hoje, onde aí os senadores vão aprovar ou enviar o pedido para trás, para ser retificado.

Se no ano de 2017, o Orçamento vai ser maior do que o previsto pela Administração Trump, aumentado em dez mil milhões de dólares, para os 1,1 biliões de dólares, em 2018 o travão às despesas vai aumentar, com um corte de 15 mil milhões de dólares. Ainda assim, nem todos os departamentos vão contribuir da mesma forma para o Orçamento final, podendo-se assim distinguir os vencedores dos derrotados.

Os vencedores

Não são muitos, mas venceram por uma grande margem. A Administração de Donald Trump vai aumentar em mais de 54 mil milhões de dólares a despesa com os Departamentos da Defesa, da Segurança Interna e dos Assuntos dos Veteranos.

Na primeira posição do pódio fica a Defesa que vai arrecadar mais 52,3 mil milhões este ano, num total de 574 mil milhões de dólares. E para onde vai este montante? Para aumentar o número de oficiais dos Corpos do Exército e dos Fuzileiros e a frota de navios da Marinha, comprar mais aviões para a F-35 Joint Strike e manter os aviões de combate Air Force prontos para a ação.

Em segundo lugar, a Segurança Interna, com mais 2,8 mil milhões de dólares. Este departamento vai ficar com 44,1 mil milhões de dólares para gastar na fronteira, em mais 500 agentes de patrulha e 1.000 agentes do Serviço de Imigração e Controlo de Fronteira. Ainda assim, vão ser cortados mais de 600 milhões de dólares em programas locais e quem viaja de fora dos Estados Unidos vai pagar mais de taxa de entrada.

Por fim, os veteranos de guerra, um grupo que foi bastante interpelado pelo candidato Trump por se estabelecer como uma minoria que tem sido esquecida pelos anteriores Presidentes. Assim, o Departamento dos Assuntos dos Veteranos vai ter à disposição 78,9 mil milhões de dólares, mais 4,4 mil milhões que este ano. Estes vão ser usados para financiar a expansão e a modernização dos serviços de saúde para os antigos combatentes.

Os derrotados

A lista dos que perdem é bem mais extensa que a dos que ganham. São 12 os departamentos que vão perder um total de 57,9 mil milhões de dólares, sendo que apenas dois vão perder menos de 10% do dinheiro que têm disponível para este ano.

A liderar as perdas está o Departamento de Estado, que vai ver o seu orçamento cortado em 10,9 mil milhões de dólares. Se antes poderia contar com 38 mil milhões, o valor vai diminuir para os 27,1 mil milhões através da redução da contribuição para instituições como o Fundo Monetário Internacional e as Nações Unidas.

O Departamento da Agricultura vai sofrer um corte de 4,7 mil milhões de dólares, passando a ter disponível 17,9 mil milhões. Este corte vai ser atingido através da eliminação de programas educacionais e a redução de programas de assistência nutricionais para os mais pobres.

A ver o seu orçamento a diminuir em 2,5 mil milhões de dólares está o Departamento do Trabalho que vai passar a ter 9,6 mil milhões disponíveis. O corte advém da diminuição do financiamento de programas para seniores e jovens desfavorecidos.

Mas não são só os departamentos que vão contar com menos dinheiros, mas também as agências federais. O orçamento da NASA vai diminuir 1%, o da Agência para a Proteção do Ambiente 31% — devido, principalmente, à eliminação de pagamentos ao fundo ambiental da ONU –, e o das agências de artes e cultura vai diminuir 100%, com os mil milhões de dólares destinados a estas a serem canalizados para outro fim.

No total serão 19 as agências que vão sofrer cortes nos orçamentos.

E o muro?

Embora tivesse ficado claro durante toda a campanha que seria o México a pagar o muro que vai ser erigido na fronteira sul dos Estados Unidos, desde então essa certeza tem-se vindo a esbater. Hoje, o diretor do Gabinete de Gestão e Orçamento, Mick Mulvaney afirmou que a Administração vai acabar por pedir dinheiro ao Tesouro para pagar a fatura.

Ainda assim, há um fatia do orçamento do Departamento de Defesa que está guardado para a construção do muro, sendo que, em 2017, vai ser de 1,5 mil milhões de dólares e, em 2018, vai ascender aos 2,6 mil milhões de dólares.

As reações ao Orçamento chegaram apenas do lado republicano do Congresso, mas não foram concordantes. Alguns senadores concordam com o plano, nomeadamente Robert Aderholt, que afirmou que “o Presidente propõe, o Congresso aprova”, e ou outros, como Lindsey Graham, a garantirem que está “morto à chegada”.

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