Mais velha guerra comercial entre UE e EUA tem novos episódios

Estados Unidos decidiram abrir a porta às importações de carne de vaca francesa, um gesto inédito desde que foi imposto o embargo há 19 anos, na sequência da crise das vacas loucas.

Lembra-se da guerra comercial das vacas com hormonas, que opunha os Estados Unidos e a União Europeia? Pois bem, há novos episódios neste conflito que data de 1989 — quando Bruxelas proibiu pela primeira vez a venda de carne com hormonas na UE — e que faz dele o mais velho contencioso comercial entre os dois blocos.

As autoridades norte-americanas, num gesto considerado surpreendente, decidiram abrir a porta às importações de carne de vaca francesa, um gesto inédito desde que foi imposto o embargo há 19 anos, na sequência da crise das vacas loucas na Europa, revela a AFP.

Os Estados Unidos reconheceram, numa carta enviada ao Ministério francês da Agricultura, a equivalência entre os sistemas de produção francês e americano, abrindo de facto a porta à importação de carne de vaca francesa.

As autoridades francesas, apesar de “felicitarem” este primeiro passo no sentido do restabelecimento normal das relações comerciais, lembram que “não significa que as exportações serão retomadas amanhã”. Esta decisão, explicou à AFP Stéphanie Flauto, subdiretora da Direção Geral de Alimentação, “é o culminar de um trabalho de comparação regulatória iniciado há cerca de dois anos”.

A partir de hoje as autoridades francesas podem licenciar os estabelecimentos (como matadouros e instalações de corte ou transformação), desde que respeitem os rígidos critérios sanitários contra a encefalopatia espongiforme bovina, mais conhecida por doença das vacas loucas, mas também os diferentes focos de E.Coli.

Contudo, não é possível exportar sob um selo de um certificado sanitário, uma vez que “essa última peça do puzzle” ainda está a ser afinada com os Estados Unidos, explicou Stéphanie Flauto.

Vários comissários europeus se congratularam com esta decisão, Cecilia Malmström, Vytenis Andriukaitis e Phil Hogan, mas o presidente da Associação Nacional Bovina, Jean-Pierre Fleury, considera que ainda não há razões para lançar foguetes. Isto porque a Irlanda, que recebeu luz verde para exportar carne de vaca para os EUA há dois anos, não exporta mais de mil toneladas, quando as expectativas apontavam para 20 mil toneladas.

A decisão reveste-se de particular surpresa porque surge 15 dias depois do relançamento da guerra aos bovinos com hormonas perante a Organização Mundial de Comércio. Isto deixa os especialistas em comércio internacional de pé atrás e a antever um significado político.

Por trás disto há uma estratégia política, porque na próxima semana haverá uma reunião em Bruxelas para definir uma posição europeia comum após a denúncia pelos americanos da moratória sobre a venda de carne de vaca com hormonas na Europa”, disse à AFP um observador das negociações transatlânticas sobre a carne bovina.

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