Fitch melhora perspetiva de rating de Angola. Vê dívida como “sustentável”

  • Lusa
  • 10 Julho 2018

A agência de notação a perspetiva de evolução da economia de Angola de negativa para estável. Contudo, a Fitch mantém a dívida do país no "lixo".

A agência de notação financeira Fitch melhorou a perspetiva de evolução da economia de Angola de negativa para estável, mantendo o rating da qualidade do crédito soberano em B, abaixo do nível de recomendação de investimento.

“A revisão da perspetiva de evolução da economia de Angola de negativa para estável reflete as melhorias na gestão do regime de câmbio e a adoção de uma ambiciosa agenda de reformas, que inclui ajustamentos nas vertentes monetária, orçamental e estrutural, que vão diminuir as vulnerabilidades externas e melhorar as finanças públicas”, dizem os analistas.

De acordo com o relatório completo de rating sobre Angola, a que a Lusa teve acesso, a Fitch mantém Angola no “lixo”, ou seja, abaixo do nível de recomendação de investimento, mas sobe a avaliação que faz sobre a direção da política económica, o que significa que não antecipa eventos que possam fazer descer o rating do país.

"A revisão da perspetiva de evolução da economia de Angola de negativa para estável reflete as melhorias na gestão do regime de câmbio e a adoção de uma ambiciosa agenda de reformas, que inclui ajustamentos nas vertentes monetária, orçamental e estrutural, que vão diminuir as vulnerabilidades externas e melhorar as finanças públicas.”

Fitch

Entre as principais razões para a melhoria da avaliação do andamento da economia, a Fitch aponta os ajustamentos externos em curso, nomeadamente o fim da taxa de câmbio fixa, a melhoria do crescimento económico, ainda que limitado, e a retoma da consolidação orçamental, salientando que o setor bancário continua a ser uma fraqueza e que os fatores estruturais do país são um constrangimento para a avaliação da qualidade do crédito.

“Os ratings de Angola estão constrangidos pela fraqueza estrutural, principalmente pelo fraco desempenho nos indicadores de desenvolvimento humanos e de governação e pelo mais alto nível de dependência de matérias-primas entre os países analisados pela Fitch”, escrevem os analistas no relatório completo.

A Fitch antevê que o crescimento económico de Angola suba de 2,3%, este ano, para 2,5% em 2019, e que o défice orçamental diminua para 5,4% este ano, depois de no ano passado ter chegado aos 6,8%.

“A dívida pública aumentou para 66,6% do PIB no final do ano passado, quando era de 50,7% no final de 2015″, lembram os analistas, que antecipam que a dívida pública chegue a um pico de 67,5% no final deste ano e depois comece a cair a partir de 2019, para chegar a 2020 nos 58,7% do PIB.

Dívida pública de Angola é “sustentável”

A Fitch considera que o volume de dívida pública de Angola é sustentável a médio prazo, alertando, no entanto, para as dificuldades do país em servir a dívida durante o próximo ano.

“Na opinião da agência de notação, a posição de Angola em termos de dívida externa a médio prazo é sustentável, ainda que em dificuldades. No entanto, cumprir os pagamentos da dívida durante o próximo ano será um desafio“, escrevem os analistas no relatório.

Entre as razões para a dificuldade em servir a dívida, para além do próprio volume, estão “a falta de capacidade dentro do Ministério das Finanças, que foi responsável por pagamentos atrasados aos credores oficiais e o registo de erros administrativos noutros pagamentos”.

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