Trabalho e família? Patrões discutem, mas falam em ironia e “lógicas utópicas”

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 28 Maio 2018

Costa quer horários que permitam conciliar vida profissional e familiar. E os parceiros sociais aceitam discutir o tema. Mas o patronato fala em ironia e utopia e a CGTP aponta o dedo à precariedade.

António Costa apelou no domingo a um “grande acordo de concertação social” no âmbito da conciliação entre vida profissional e familiar. E os parceiros dizem estar disponíveis para essa discussão. Mas enquanto o representante patronal do Comércio alerta para “lógicas utópicas”, a CIP diz que “não deixa de ser irónico” que o líder socialista passe esta mensagem agora.

“Não deixa de ser irónico que no momento em que se está a alterar o banco de horas, por outro lado [António Costa] venha referir a necessidade de adaptar os horários para conciliação de trabalho e família”, afirmou António Saraiva ao ECO.

A CIP já defendeu que o banco de horas individual é favorável também aos trabalhadores, no âmbito da articulação entre a vida profissional e pessoal. E contestou desde sempre o fim deste instrumento. Na última reunião de concertação social, o Governo manteve a proposta de eliminar aquela figura, mas propôs a possibilidade de instituir bancos de horas por acordos de grupo.

Em sentido contrário, a UGT entende que os mecanismos de flexibilidade de horários que existem na lei “não conseguiram fazer com que a conciliação da vida pessoal com a vida familiar fosse feita”. E por isso quer discutir o tema.

Voltando ao patronato, a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) também aceita debater o assunto, mas alerta desde logo que o tema “tem de ser visto consoante os setores”. João Vieira Lopes nota ainda que a organização do tempo de trabalho “é a área em que os sindicatos têm resistido mais na contratação coletiva”.

O tema “merece uma reflexão, mas não podemos cair em lógicas utópicas”, frisa. “Com o perfil das nossas empresas, com o nível de produtividade que existe, com a concorrência internacional, é preciso fazer um balanceamento de tudo isso, até onde se pode ir”, afirma Vieira Lopes.

Por seu turno, a CGTP entende que pensar no assunto implica alterar a proposta que o Governo tem agora em concertação social, no âmbito da lei laboral, “que perpetua a precariedade” e põe em causa a contratação coletiva. Arménio Carlos defende antes a redução do horário semanal para 35 horas ou o fim generalizado da figura de banco de horas, por exemplo.

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