PJ batizou investigação que envolve Benfica de e-toupeira. Confirma suspeitas de corrupção e falsidade informática

Paulo Gonçalves, assessor jurídico do clube da Luz, foi detido por suspeitas de corrupção ativa no caso dos emails. Benfica vai solicitar audiência urgente à Procuradora Geral da República.

O assessor jurídico da SAD do Benfica, Paulo Gonçalves, foi detido esta terça-feira por suspeitas de corrupção ativa. Na base da detenção estão supostos subornos oferecidos a, pelo menos, três funcionários judiciais, para a obtenção de informação nos processos relacionados com o recente “caso dos emails“. No âmbito da operação, batizada pela Polícia Judiciária (PJ) de e-toupeira, foi ainda detido um outro suspeito e constituídos três arguidos.

De acordo com a informação adiantada pela Sábado e pelo Correio da Manhã, Paulo Gonçalves foi detido após uma investigação sobre uma alegada rede montada pelo clube da Luz, desde junho do ano passado, para recolher informações que constavam em determinados processos. De acordo com o CM, a sociedade de advogados Vieira de Almeida terá chegado mesmo a dar formações a funcionários do Benfica para estes saberem como se comportar em caso de buscas à SAD.

Juntamente com o assessor jurídico foi ainda detido um outro suspeito: Júlio Loureiro, técnico de informática do Instituto de Gestão Financeira e Equipamento da Justiça, também já identificado no “caso dos emails” por, supostamente, ter enviado uma notificação do Tribunal de Guimarães para Paulo Gonçalves. No processo estão ainda constituídos arguidos dois oficiais de justiça e Óscar Cruz, um agente de futebol e filho de um ex-dirigente do FC Porto, de acordo com a Sic Notícias.

PJ batiza operação de e-toupeira

A PJ já emitiu um comunicado sobre a operação, “iniciada há quase meio ano”, que batizou de e-toupeira, onde se pode ler: “A Polícia Judiciária, através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) e no âmbito de um inquérito que corre termos no DIAP de Lisboa deteve dois homens pela presumível prática dos crimes de corrupção ativa e passiva, acesso ilegítimo, violação de segredo de justiça, falsidade informática e favorecimento pessoal“. “Os detidos vão ser sujeitos a primeiro interrogatório judicial”.

De acordo com o Correio da Manhã, o acesso aos processos era alegadamente feito pelos funcionários dos tribunais através do portal CITIUS, onde os suspeitos alegadamente usavam passwords e códigos de acesso de magistrados do Ministério Público para entrarem nos arquivos, atos que foram cometidos centenas de vezes. Em troca, de acordo com o mesmo jornal, alegadamente Paulo Gonçalves oferecia bilhetes para jogos, convites VIP e produtos de merchandising, como camisolas oficiais do clube.

Paulo Gonçalves foi detido esta manhã na sua casa, em Santarém, estando a ser encaminhado para o seu gabinete no Estádio da Luz. Nesta operação, a Polícia Judiciária (PJ) está ainda a realizar buscas em casas particulares, no Benfica e ainda nos tribunais de Guimarães e de Fafe, onde um dos suspeitos trabalha, estando envolvidos mais de 40 inspetores. Segundo o site da Procuradoria Geral Distrital de Lisboa (PGDL), “foram cumpridos seis mandados de buscas domiciliárias, um mandado de busca a gabinete de advogado e 21 mandados de buscas não domiciliárias“. “Nas buscas estiveram presentes um juiz de instrução criminal, dois procuradores-adjuntos, inspetores da PJ e peritos informáticos”.

Benfica já reagiu. Vai solicitar audiência “com caráter de urgência” à PGR

Num comunicado publicado na página oficial do clube, o Benfica confirmou a realização de buscas às suas instalações, sublinhando a “total disponibilidade em colaborar com as autoridades no integral apuramento da verdade”. O clube mostrou-se confiante na defesa de Paulo Gonçalves: “A Sport Lisboa e Benfica SAD manifesta a sua confiança e convicção de que o Dr. Paulo Gonçalves terá oportunidade, no âmbito do processo judicial, de provar a legalidade dos seus procedimentos“.

Na mesma publicação, os encarnados adiantam ainda que vão solicitar “com caráter de urgência uma audiência à senhora Procuradora-Geral da República, pelas reiteradas e constantes violações do segredo de Justiça, sobre os processos que envolvem o clube, numa estratégia intencional e com procedimentos fáceis de serem investigados, como hoje foi claramente comprovado”.

FC Porto já reagiu

A primeira reação pública vem do clube rival. O diretor de informação e comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques, responsável pela divulgação dos emails do Benfica, já partilhou a sua opinião nas redes sociais: “A revolução começou há uns meses. Sem medo, pela verdade”.

Paulo Gonçalves foi constituído arguido no caso dos emails a 19 de outubro, na sequência de buscas da Policia Judiciária ao clube. Desde maio que o diretor de comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques, tem acusado o Benfica de influenciar o setor da arbitragem e apresentou alegadas mensagens de correio eletrónico de responsáveis ‘encarnados’, nomeadamente de Paulo Gonçalves e Luís Filipe Vieira.

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