Pela primeira vez britânicos assumem fatura do Brexit

  • ECO
  • 14 Julho 2017

Até ao momento, os britânicos queriam sair da mesa da União Europeia sem pagar a conta. Contudo, um documento entregue no Parlamento reconhece pela primeira vez que o Reino Unido vai ter de pagar.

Inicialmente eram 58 mil milhões de euros. Pouco tempo depois a fatura aumentou para os 100 mil milhões de euros, mas na realidade ainda pode voltar a mudar. Tudo depende das negociações do Reino Unido com a União Europeia a vários níveis, seja o mercado interno, seja os programas europeus onde os britânicos estão envolvidos. No entanto, houve algo que mudou: o Governo britânico passou a reconhecer a obrigação desse pagamento à UE.

É uma mudança de discurso. Ainda esta terça-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Boris Johnson, dizia que a UE “bem pode esperar sentada” se cobrar demasiado. “As verbas que eu vi mencionadas, que eles propõem pedir a este país parecem-se extorsivas“, criticou. “Penso que ‘vão assobiar’ é uma expressão completamente apropriada”, disse ainda, mostrando nenhum compromisso com o pagamento da fatura de saída.

No entanto, um documento entregue ao Parlamento britânico esta quinta-feira mostra pela primeira vez e de forma explícita que o Reino unido terá obrigações financeira perante a UE depois do Brexit, conta o Financial Times (acesso pago). “O Governo britânico reconhece que o Reino Unido tem obrigações para com a UE e que a UE tem obrigações, que vamos sobreviver à retirada [da União Europeia] e que isso precisa de ser resolvido“, lê-se no comunicado enviado pelo Executivo de Theresa May.

O texto, enviado pela ministra para o Brexit, Joyce Anelay, foi imediatamente visto pelas instituições europeias como um importante desenvolvimento nas negociações. As palavras dos britânicos vão assim mais longe do que alguma tinham ido neste processo que se iniciou no começo do ano.

Algumas estimativas do montante que a UE pode pedir ao Reino Unido apontam para 100 mil milhões de euros. Este valor resulta de um pedido dos Estados-membros, tendo os negociadores da UE revisto os cálculos iniciais para maximizar as responsabilidades que a Grã-Bretanha deve cobrir, incluindo pagamentos agrícolas pós-Brexit e taxas de administração da UE em 2019 e 2020.

Mas o próprio presidente da Comissão Europeia tinha apontado que as contas de Bruxelas fixavam-se nos 58 mil milhões de euros. Esta fatura não deve ser vista como uma “multa”, advertiu na altura o líder da CE, referindo que não se pode fingir que o país nunca foi um Estado-membro. No entanto, há algo que Juncker tem a certeza: o Brexit é uma “tragédia” e um “falhanço”.

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