Como a Boeing destronou a Airbus no Paris Air Show

O novo modelo 737 Max 10 pôs a Boeing a voar mais alto. Pela primeira vez em alguns anos bateu a Airbus nas vendas realizadas no Paris Air Show, a maior montra de aeronaves do mundo.

A Boeing foi a Paris tirar o protagonismo aos franceses. Pela primeira vez em alguns anos, a Boeing superou a concorrente Airbus nos resultados do Paris Air Show, e fê-lo a bordo do novo modelo, o 737 Max 10. A Airbus, que não apresentou novidades neste segmento, reconheceu a derrota, mas também diz que não estava à procura de novos clientes, desvalorizando os cerca de 10 mil milhões de euros que em receitas que a separam da empresas concorrente norte-americana.

A 52.ª edição do Paris Air Show recebeu as mais recentes novidades da aeronáutica esta semana. Um evento que se estende somente por sete dias, entre 19 e 25 de junho, mas onde os números se multiplicam. Uma das maiores disputas é entre a americana Boeing e a europeia Airbus. Este ano, a Boeing sai a ganhar: entre encomendas e manifestações de interesse relativas a 370 aviões, angariou mais de 46 mil milhões de euros. A Airbus ficou-se pelos 35,4 mil milhões de euros: 16,5 mil milhões das 144 aeronaves encomendadas e 18,9 mil milhões de euros em acordos não vinculativos para a venda de 182 aparelhos.

A Boeing atualizou o seu modelo 737 Max 9, que passou a 737 Max 10 e veio combater o inalterado A321neo da Airbus. Em relação ao antigo modelo, o 737 Max 10 tem mais dez lugares, alcançando os 230, e é ligeiramente mais comprido, cerca de 1,5 metros. Equipara-se assim ao A321neo no número de lugares mas destaca-se pela eficiência, garantindo uma redução de 5% nos custos por passageiro — tornando-se o “avião de um só corredor mais lucrativo” no mercado.

Uma frota de cinquenta 737 Max 10, a operar quatro voos por dia, acolhe um total de 46.000 passageiros por dia, 17 milhões por ano. Tendo em conta esta capacidade, reduzem-se os custos operacionais de 850.000 lugares por ano a zero. Isto graças ao design das asas e ao novo motor, que contribuem ainda para reduzir as emissões de carbono e o ruído.

As distâncias também aumentaram: o 737 Max 10 tem um maior alcance, superando o modelo anterior em cerca de 370 quilómetros. No interior, a Boeing salienta outros detalhes, desde o design às condições técnicas. Os pilotos têm direito a ecrãs maiores, que vêm facilitar a perceção e facilitar a ação.

O maior cliente da feira foi a GE Capital Aviation Services, que preferiu a Airbus, à qual encomendou 100 aeronaves, enquanto à Boeing só solicitou que substituísse vinte encomendas anteriores pelo 737 Max 10. Este comprador marca uma grande tendência do Paris Air Show: as empresas de leasing foram mais ativas nas vendas do que as companhias aéreas — entre estas, a United Airlines foi a mais ativa. Paralelamente, foi o continente asiático o maior destino das vendas. Também neste parâmetro a Boeing fugiu à regra, com a conterrânea United Airlines a fazer o maior número de encomendas: 104, divididas pelos modelos 737 Max 10 e o 777 300ER.

http://www.boeing.com/commercial/paris-air-show-2017/
Modelo da Boeing adaptado à imagem da United Airlines, a empresa que mais encomendas fez no Paris Air Show.

Airbus não sente a turbulência

John Leahy, o chefe de vendas da Airbus que conseguiu arrecadar 1,7 biliões em negócios nas últimas duas décadas, deu uma entrevista à Bloomberg e não se mostrou preocupado com a inversão nos números. “Se falarmos das vendas que eles tiveram, penso que os nossos números parecem bastante bem“, acredita. E acrescenta: “estamos a assumir que a Boeing vendeu alguns aviões a mais que nós? Sim. Todos os ‘cães’ têm os seus dias”. Com “cães”, Leahy diminui o rival — este que é também um termo utilizado em gestão para se referir a negócios sem grandes resultados nem apetência para crescer.

Na mesma entrevista, Leahy acusa a Boeing de estar a aumentar a especulação para um novo lançamento em 2025 com o objetivo de afetar as vendas do A321neo. Contudo, Leahy não acredita que as promessas da Boeing de lançar um modelo mais barato se possam concretizar, um vez que estima que 70% dos custos de produção estejam fora do controlo do concorrente.

O Airbus a321neo, o modelo que não conseguiu fazer frente à novidade da Boeing.

A Airbus não apresentou uma versão melhorada do A321neo pois encontra-se concentrada em recuperar as encomendas em atraso: nos últimos dois anos já conseguiram acumular 6.800 aeronaves para entregar, um novo recorde na indústria.

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