Santos Silva: Gulbenkian está hoje “muito menos dependente” dos ativos de petróleo

  • Lusa
  • 3 Maio 2017

O presidente cessante da instituição garante que a Gulbenkian neste momento está menos dependente do petróleo. Isabel Mota é a sucessora.

O presidente cessante da Fundação Calouste Gulbenkian, Artur Santos Silva, declarou esta quarta-feira, na tomada de posse da sucessora, Isabel Mota, que a entidade está neste momento “muito menos dependente dos rendimentos gerados” pelo petróleo e o gás. Santos Silva discursou na sede da Gulbenkian, em Lisboa, antes de Isabel Mota, agradecendo nessa intervenção o apoio prestado pelos funcionários da fundação e da equipa do Conselho de Administração, durante o seu mandato de cinco anos.

No seu balanço, fez referência aos ativos do petróleo e do gás detidos pela Gulbenkian, que suscitaram polémica na semana passada, quando um grupo de personalidades das áreas da cultura, ciência e política assinaram uma carta aberta pedindo que a fundação prescinda de rendimentos de energias fósseis.

Os ativos de petróleo e gás que representavam 38%, no final de 2011, hoje apenas se situam em 20%.

Artur Santos Silva

Presidente cessante da Fundação Calouste Gulbenkian

“O património da fundação, medido pelo seu fundo de capital, sem aplicação das regras internacionais de contabilidade às suas participações na área do petróleo e do gás, manteve-se praticamente constante entre 2011 e 2016, pelo que julgo estarem garantidas as condições de sustentabilidade da instituição“, indicou.

“Deve porém ser salientado que, em relação aos nossos recursos próprios, os ativos de petróleo e gás que representavam 38%, no final de 2011, hoje apenas se situam em 20%, estando a Fundação muito menos dependente dos rendimentos gerados por tais ativos”, declarou. Acrescentou que, aplicando as regras internacionais, “o fundo de capital [da Gulbenkian] conheceu nos últimos cinco anos uma redução em 125 milhões de euros, para 2.520 milhões de euros”.

Quanto tomei posse, afirmei também que a principal e permanente preocupação da fundação seria, então e sempre, a de assegurar as condições da sua perpetuidade. A dimensão, a solidez e a rentabilidade do património da fundação deverão constituir a sua primeira prioridade”, defendeu. Para Santos Silva, a sustentabilidade da estrutura de custos fixos da Gulbenkian “é essencial para proporcionar a desejável flexibilidade nos tempos incertos e perturbados como os que vivemos à escala global”.

Artur Santos Silva recordou ainda que tomou posse em 2012, quando “Portugal vivia uma das crises mais graves da sua história” e, nessa altura, defendeu que a Gulbenkian “devia aproximar-se da sociedade” e das suas necessidades.

Instituição sem fins lucrativos criada com bens do mecenas arménio Calouste Gulbenkian (1869-1955), legados a Portugal sob a forma de fundação, a partir de disposição testamentária, a Gulbenkian tem como principais atividades, exercidas em quatro áreas estatutárias, a arte, a beneficência, a educação e a ciência.

O anúncio da renovação da presidência da Gulbenkian deu-se em dezembro ao ano passado, antes do fim do mandato do atual presidente, Artur Santos Silva, que completou 75 anos. Eleita por unanimidade, Isabel Mota, 65 anos, é membro executivo do conselho de administração da Gulbenkian desde 1999.

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