Quer ir à Islândia? Pode ter de pagar mais

  • ECO
  • 17 Março 2017

O governo da ilha no limite noroeste da Europa está preocupado com o crescimento acelerado do número de visitantes e está a considerar impor uma nova taxa turística para tentar controlar o fluxo.

Islândia é popular pela sua beleza natural.Pixabay

Muitos poderão julgar que se trata de um dos países mais isolados da Europa. Bem longe do resto do continente, e quase na fronteira com o círculo polar ártico, a Islândia conta com uma população de menos de 340 mil pessoas espalhadas por uma área de 103 mil quilómetros quadrados. Mas isso não a impede de ser um dos destinos mais populares — e caros — do momento e de estar a receber um fluxo turístico que, aos olhos do Governo, se está a tornar insuportável.

Por isso, o Governo está de momento a debater-se com duas opções: ou cria novas taxas para o setor turístico, ou limita o acesso dos visitantes aos locais mais populares, para que estes não sejam danificados.

“O setor do turismo e todos nós temos de ter muito cuidado para não acabarmos vítimas do nosso próprio sucesso”, avisou Thordis Kolbrun Reykfjord Gylfadottir, Ministra do Turismo, numa entrevista recente em Reykjavik.

De onde veio esta onda de turistas?

O setor do turismo na Islândia cresceu de forma moderada ao longo dos anos mas, desde que o país começou a ser escolhido como pano de fundo para as filmagens de grandes produções cinematográficas e televisivas — onde se incluem o filme 007 – Morre Noutro Dia ou Batman: O Início, e a série mais popular dos últimos anos, A Guerra dos Tronos –, assistiu a um acréscimo considerável do número de visitantes: de 490 mil em 2010 para, segundo as expectativas, 2,3 milhões em 2017.

Pesca é uma das principais atividades económicas na Islândia.Pixabay

O turismo é agora o principal setor exportador do país e Gylfadottir está preocupada com a possibilidade de a experiência dos visitantes ser afetada pelas multidões que se concentram nos pontos de maior interesse do país. O receio estende-se ainda à possibilidade de este número tão elevado de turistas poder danificar os recursos naturais da Islândia — sendo que duas das atrações mais populares são o vale e o parque natural de Thingvellir, Património Mundial da UNESCO, e a lagoa glacial de Jokulsarlon, na costa sudeste da ilha.

Soluções?

Para Gylfadottir, é ser “corajoso” e aplicar as medidas necessárias ao bem-estar da sua população. E se isto passar por criar uma taxa turística ou limitar o acesso a certos locais, pede aos restantes Ministérios que a apoiem.

“Não é possível facilitar o acesso a certas áreas de um milhão de visitantes por ano”, explicou. “Se permitirmos que mais pessoas tenham acesso a essas áreas, vamos perder aquilo que as torna especiais — serem pérolas únicas da natureza, parte da nossa imagem e daquilo que estamos a promover”.

Por isso, o Governo de coligação da Islândia tem em cima da mesa uma série de opções, que incluem obrigar as companhias de transportes públicos e turísticos a terem uma licença especial ou aumentar a taxa hoteleira. O Ministério do Turismo revelou que essas taxas geraram um total de 400 milhões de coroas islandesas (algo como 3,429 milhões de euros) em receitas, em 2016, e que o valor pode ascender a 1,2 mil milhões de coroas (10,2 milhões de euros) este ano.

O governo anterior tentou, sem sucesso, implementar um sistema que exigia a todos os visitantes — islandeses e estrangeiros — que adquirissem um “passe da natureza” que custaria 13 euros. Mas qualquer taxa adicional viria a juntar-se aos custos já consideravelmente elevados que os turistas têm de comportar quando visitam o país. Uma viagem de táxi entre o aeroporto e o centro da cidade de Reykjavik custa perto de 140 euros, enquanto os preços por quarto de hotel são cerca de um terço mais elevados que noutros hotéis ao mesmo nível, noutras capitais nórdicas. O preço das bebidas alcoólicas também é muito superior, chegando ao dobro da média na União Europeia, de acordo com o Banco da Islândia.

Mas Gylfadottir insiste que quaisquer taxas adicionais seriam usadas em prol da melhoraria das infraestruturas e dos acessos do país. “Quando falamos de cobrar o acesso, para mim isso reflete-se mais em controlar o número de pessoas que entram em determinadas áreas, o que precisamos mesmo de fazer”, defendeu, acrescentando: “Também temos de assegurar que os turistas que vêm à Islândia tenham uma experiência positiva durante a sua estadia”.

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