BCP: Poucos direitos na bolsa. Porquê?

Já passou uma semana desde o arranque da negociação dos direitos do aumento de capital do BCP. Tem havido um sobe e desce constante, mas o número de títulos a trocar de mãos é reduzido. Porquê?

O BCP tem, antes do aumento de capital ficar concluído, 944 milhões de ações. Por cada ação foi emitido um direito de subscrição para os novos títulos que chegarão ao mercado nas primeiras semanas de fevereiro. Contudo, uma semana depois do arranque da negociação destes direitos em bolsa, apenas 20% trocaram de mãos em bolsa.

Logo no primeiro dia em que a transação destes direitos arrancou em bolsa foram realizados vários negócios que culminaram com 29,5 milhões de títulos transacionados. O volume até aumentou nos dias seguintes, chegando a 40 milhões já no arranque desta semana, mas o ritmo voltou a quebrar. Com cinco sessões volvidas, o total vai em 194 milhões de direitos negociados em mercado.

Estes quase 200 milhões de direitos, que permitem, cada um, subscrever 15 novas ações do banco, representam apenas um em cinco dos emitidos pelo banco neste aumento de capital de 1.330 milhões de euros destinado a reforçar os rácios do banco ao mesmo tempo que permite ao banco reembolsar o Estado.

O fraco volume traduz, em grande, parte o facto dos maiores acionistas do banco, a Fosun e a Sonangol, não quererem desfazer-se dos direitos que lhes foram atribuídos. Bem pelo contrário: a Fosun fez saber automaticamente que iria acompanhar a operação, aproveitando o aumento de capital para chegar aos 30%.

A Sonangol, por seu lado, manteve a dúvida, mas o Expresso avançou que também a empresa liderada por Isabel dos Santos deverá participar neste reforço de capital para equilibrar forças com o grupo chinês na estrutura acionista do banco português. A Sonangol tem autorização do BCE para superar a fasquia dos 20%.

Com estes dois acionistas, uma boa parte dos direitos está “bloqueado”. E os restantes? O fraco volume poderá ser sinal de que os investidores pretendem efetivamente participar na operação, evitando que os bancos colocadores tenham de ficar com títulos que depois acabaram por despejar em bolsa criando pressão nas novas ações.

Direitos em queda. Até quando?

Poderá estar a haver uma estratégia por parte de outros investidores que procurarão nestes últimos dias de negociação dos direitos em bolsa — haverá ainda um período em que poderão ser feitas transações fora de mercado — para os negociarem. Neste caso, estarão à espera que tanto a Fosun como a Sonangol, que pretendem reforçar as suas posições, avancem para o mercado na tentativa de comprar esses títulos.

Com dois “gigantes” a criarem pressão compradora, a lógica será que o valor dos direitos comece a acelerar, algo que não se tem visto nas últimas sessões. Os direitos do BCP perderam valor nas últimas quatro sessões, registando quedas acentuadas que têm pressionado as ações do banco liderado por Nuno Amado.

Cada direito está a valer 61 cêntimos, acumulando uma queda de 8,27% face ao valor teórico do destaque que era de 66,5 cêntimos. Tendo em conta o preço teórico a que se estrearam no mercado, de 1,005 euros, apresentam uma desvalorização de quase 40%, queda que levou as ações do banco a recuarem até aos 14,23 cêntimos. Perante estas quedas, os direitos continuam a estar “baratos” face às ações, permitindo comprar novos títulos por 13,46 cêntimos.

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