Lone Star: que fundo é este que pode ficar com o Novo Banco?

  • Rita Atalaia
  • 5 Janeiro 2017

Portugal não é estranho ao fundo texano. Já comprou vários centros comerciais e até o empreendimento de Vilamoura, mas agora o foco é a banca, setor onde ganhou experiência na Alemanha.

China Minsheng, Apollo/Centerbridge e Lone Star. Estão na corrida ao Novo Banco, mas alguns começam a ficar para trás. Os chineses do Minsheng não conseguiram apresentar garantias financeiras e o consórcio Apollo/Centerbridge ainda está a analisar o processo. Sobra o Lone Star. Mas quem é este fundo que pode vir a comprar o Novo Banco? É norte-americano, mas não é estranho ao mercado português. E também já conhece bem os bancos… em stress.

Depois de ter ajudado o Merrill Lynch na crise financeira dos EUA — ao comprar 6,2 mil milhões de dólares em instrumentos de dívida — o fundo norte-americano foi em socorro de outra vítima da crise do subprime: o banco alemão IKB. Missão? Reduzir o balanço, restruturando as suas operações com a venda de ativos mais arriscados para colocá-lo novamente a dar lucro.

O Lone Star, que tem na sua carteira outras participações no setor financeiro a nível internacional, comprou em 2008 uma participação de 90,8% no banco alemão que tinha sido resgatado pelo Estado — posição que mantém e até aumentou. Mas custou-lhe apenas 137 milhões de euros, um valor que ficou muito abaixo dos 800 milhões pedidos pela Alemanha.

Em Portugal, o Lone Star oferece duas operações autónomas de 750 milhões de euros cada — segundo informações divulgadas pelo Jornal de Negócios e não confirmadas — o que também vai ficar muito abaixo dos 3,9 mil milhões que o Estado emprestou ao Fundo de Resolução, o único acionista do Novo Banco.

O Lone Star também garante que os dividendos que que vierem a ser gerados pelo Novo Banco sejam, em primeiro lugar, para o Fundo de Resolução. Mas também exige uma garantia do Fundo de Resolução para o side bank que será criado e para onde irão todos os ativos “tóxicos”. Uma garantia que Mário Centeno já disse que não vai aceitar.

O Banco de Portugal deverá indicar o Lone Star ao Governo, mas a operação de venda continua em aberto. Como o ECO revelou em exclusivo, o Conselho de Ministros vai discutir a proposta do regulador do setor financeiro, mas tudo indica que não será tomada qualquer decisão. Em princípio, o Banco de Portugal e a equipa de Sérgio Monteiro continuarão a liderar as negociações, que serão acompanhadas de perto pelo Governo.

Portugal? Já estava no radar

O Lone Star começou a apostar em Portugal em 2015. Comprou os quatro centros comerciais Dolce Vita detidos pelo grupo espanhol Chamartín Imobiliária. Os quatro centros foram o Dolce Vita Porto, localizado junto ao Estádio do Dragão, o Dolce Vita Douro, em Vila Real, o Dolce Vita Coimbra, e o Dolce Vita Monumental, em Lisboa. Destes quatro, três foram depois vendidos ao Deutsche Bank.

Mas ainda antes desta aquisição, o Lone Star foi ao Algarve comprar o empreendimento Vilamoura por 200 milhões de euros. “Em que parte da Europa pós-crise encontramos 700 mil metros quadrados já com aprovação para construção? Em Vilamoura”, disse Paul Taylor, o diretor executivo da Vilamoura World, na altura. E deixou claro que a aposta não ia ficar por aqui.

Oportunidades do imobiliário à banca

O Lone Star já existe há mais de duas décadas. O fundo sediado em Dallas, no Texas, EUA, foi fundado por John Grayken em 1995, com atenções viradas para o setor imobiliário, mas também o setor financeiro. O fundo tem uma visão global, investindo desde os EUA e Canadá, onde detém a maior parte dos seus ativos, mas também na Europa e na Ásia.

A estratégia de investimento passa pela compra de posições de controlo nos setores imobiliário e financeiro, recorrendo, segundo a Bloomberg, a processos de reestruturação de longo prazo na tentativa de extrair o maior valor dessas operações para os detentores das unidades de participação dos vários fundos que opera.

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