CETA traz vantagens às empresas, mas é preciso “reconhecê-las”

  • Marta Santos Silva
  • 14 Dezembro 2016

"É preciso que as empresas conheçam o acordo para reconhecerem as suas vantagens", explica o presidente da Câmara de Comércio e Indústria do Centro, José Couto.

O disputado acordo de comércio livre entre a União Europeia e o Canadá pode trazer grandes vantagens para as empresas portuguesas — elas têm é de conhecer os termos do acordo, intitulado CETA, para poderem saber quais as vantagens de que mais podem tirar proveito, e também para se prepararem para possíveis riscos. São estes os conselhos do presidente da Câmara de Comércio e Indústria do Centro (CCIC), José Couto.

Ao ECO, José Couto explica que o CETA não é tão simples como pode parecer, e merece ainda ser mais divulgado junto das empresas. “É preciso conhecer o acordo, porque não é só uma questão de fazer desaparecer a pauta aduaneira”, esclarece. “É preciso que as empresas conheçam o acordo para lá reconhecerem as suas vantagens”.

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Segundo o presidente da CCIC, 6% das empresas exportadoras da região Centro já exportam para o Canadá, e a CCIC tem agora como objetivo aumentar este valor, especialmente para as empresas que já pertencem aos “setores tradicionais das exportações”, como o do calçado, dos têxteis, da indústria farmacêutica ou da metalomecânica, mas também atentando nas oportunidades para outros setores.

A redução ou eliminação das taxas aduaneiras previstas pelo CETA “torna possível que os produtos portugueses cheguem ao Canadá a preços mais baixos”, sublinha José Couto, mas não só: a porta fica aberta também para a prestação de serviços, por exemplo na área das tecnologias.

Em vésperas da conferência da CCIC sobre as oportunidades que o CETA trará para as empresas da região Centro, que terá lugar na manhã de quinta-feira no Convento de S. Francisco, em Coimbra, José Couto aproveita para destacar as vantagens comerciais apresentadas pelo Canadá, que, além de ser um “mercado maduro” com uma grande população, conta ainda com um grande número de lusodescendentes. “Há quatro gerações de lusocanadianos”, diz José Couto, “que podem ser também facilitadores da entrada de produtos no mercado canadiano”.

É uma oportunidade para os portugueses poderem penetrar no Canadá, mas a indústria agroalimentar do Canadá também tem vantagem para entrar nos nossos mercados. Não é só benefícios nem só desvantagens.

José Couto

Presidente da CCIC

No entanto, nem tudo são vantagens no acordo do CETA. Este tratado comercial que tanto alvoroço provocou nalgumas regiões europeias — com especial destaque para a região belga da Valónia, que quase o bloqueou até conseguir algumas cedências de última hora — apresenta também alguns riscos para a Europa.

“Os produtos agrícolas têm alguma importância nas importações, e obviamente que com a queda dos preços há uma maior capacidade de penetração de alguns produtos do Canadá na Europa”, afirma José Couto, que explica que as empresas devem conhecer o acordo comercial para saberem, também, preparar-se para possíveis riscos acrescidos que este possa trazer. “É uma oportunidade para os portugueses poderem penetrar no Canadá, mas a indústria agroalimentar do Canadá também tem vantagem para entrar nos nossos mercados. Não é só benefícios nem só desvantagens”.

A conferência desta quinta-feira, organizada em parceria entre o CEC/CCIC e a Enterprise Europe Network, vai contar com a presença do embaixador do Canadá em Portugal, Jeffrey Marder e do secretário de Estado e Adjunto do Comércio, Paulo Alexandre Ferreira, entre outros. O programa completo e as inscrições na conferência estão disponíveis online.

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