Governo adiou injeção na Caixa para registar todas as imparidades em 2016

  • Margarida Peixoto
  • 22 Novembro 2016

Ricardo Mourinho Félix, secretário de Estado do Tesouro, explica que primeiro o Governo quer fazer o apuramento completo das imparidades e registá-las nas contas de 2016.

O Governo quis adiar a injeção de capitais públicos na Caixa Geral de Depósitos para primeiro terminar o apuramento das imparidades e registá-las nas contas de 2016, garantiu Ricardo Mourinho Félix, secretário de Estado do Tesouro e Finanças, esta terça-feira. O governante frisou ainda que “todas as instituições estão informadas deste processo”.

No final da semana passada, o ministro das Finanças, Mário Centeno, revelou que a injeção de capital público na Caixa já não vai ser feita até ao final deste ano, deslizando para 2017. Um dos motivos para esse adiamento poderia ser o risco de impactos no défice orçamental deste ano, mas Mourinho Félix avança outras razões.

"Considerou-se que seria mais adequado fazer o apuramento das imparidades primeiro e deixar deslizar a injeção de capital se fosse preciso.”

Ricardo Mourinho Félix

Secretário de Estado do Tesouro e Finanças

“Considerou-se que seria mais adequado fazer o apuramento das imparidades primeiro e deixar deslizar a injeção de capital se fosse preciso”, explicou Mourinho Félix. Além disso, aproxima-se o final do ano, uma altura em que a liquidez dos mercados habitualmente é menor, somou. Assim, primeiro as imparidades serão incluídas nas “contas de 2016, que serão apresentadas em 2017” e só depois disso será emitido o prospeto, esclareceu.

Mourinho Félix garantiu que esta decisão foi tomada com o conhecimento da Comissão Europeia, que já tinha dado um aval prévio à operação e decidido que não deverá ser considerada um ajuda de Estado. “Todas as instituições estão informadas deste processo; mantemos contactos muito próximos”, assegurou.

Sobre a polémica da apresentação das declarações de rendimentos por parte da administração da Caixa, Mourinho Félix disse apenas que já fez “declarações muito claras sobre o assunto” e recusou que o seu lugar possa estar em risco: “Não! Por amor de Deus!”

E sobre outras potenciais soluções para a Caixa, o Governante desvalorizou. Um relatório de um grupo de economistas da Comissão Europeia, publicado esta segunda-feira, sublinha que se as autoridades portuguesas tivessem dado passos concretos para a privatização da Caixa, poderiam ter sido evitados custos para as contas públicas.

Na reação à notícia, Mourinho Félix confirmou que quando o Governo iniciou as discussões com Bruxelas sobre o dossier Caixa “a privatização era o cenário que entendiam como central”, porque essa era a ideia do Executivo liderado de Passos Coelho, garantiu. Contudo, o atual Governo sempre procurou uma solução “100% pública” para o banco.

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