Portugal é excelente, mas unido seria muito melhor

Infelizmente, as instituições portuguesas, as associações empresariais e os vários lobbies instalados, ainda olham com desconfiança para tudo aquilo que é novo e lhes foge do controlo.

Portugal é um excelente destino de férias, mas é ainda um melhor destino para eventos empresariais. Somos o local indicado para qualquer reunião ou apresentação de uma multinacional e, tal como o Web Summit ajuda a comprovar, somos também o melhor país do mundo para acolher eventos internacionais dedicados a uma determinada indústria.

Temos grandes salas, auditórios baratos para arrendar, falamos bem inglês, falamos bem espanhol, falamos mais ou menos francês, temos bons hotéis com preços muito competitivos, temos boa comida, bom vinho, um excelente clima, uma segurança ímpar, estamos na moda, somos simpáticos, desenrascados, culturalmente interessantes e geograficamente gozamos de uma centralidade brutal.

Ainda na semanada passada, tive a oportunidade de comprovar tudo isto. Decorreu na sede da Microsoft Portugal o 2º Lisbon International Advertising Festival. Uma ideia maluca, que eu a Ana Firmo Ferreira, a Patrícia Reis e o Elvis Veiguinha decidimos tirar do papel. O nosso objetivo foi sempre bastante simples: criar o primeiro festival internacional de publicidade de cariz mundial em Portugal. Os argumentos também foram sempre bastante claros: Lisboa é uma das cidades mais incríveis, criativas e “cool” do mundo, que sentido faz não sermos também o epicentro da criatividade publicitária mundial?

À partida, isto parece algo simples. Agora ponha-se na nossa pele: é preciso falar com as dezenas de milhares de agências de publicidade, relações públicas e produção que existem no mundo; é preciso organizar um júri de cariz mundial e trazê-lo até Lisboa, numa loucura logística de voos, dormidas, chegadas e partidas; é preciso montar um evento que não nos envergonhe; é preciso encontrar uma figura de relevância mundial para presidir ao júri (este ano tivemos o magnífico Jacques Séguéla); é necessário recolher patrocínios; e por fim, é preciso convencer as pessoas a participarem no festival. Tudo isto só foi possível graças a muito espírito de sacrifício e a uma equipa verdadeiramente incrível.

O evento deste ano foi um sucesso fenomenal. Com participantes e premiados literalmente de todos os cantos do mundo, com um júri de classe internacional, uma cobertura mediática enorme, com conferências de topo, com delegados que viajaram de muito longe só para conhecerem este festival e com uma sala cheia a assistir a tudo isto.

Desde o primeiro momento, tivemos a sorte de contar com parceiros e patrocinadores verdadeiramente incríveis, que tiveram a coragem de arriscar fazer parte de algo que nunca ninguém tinha tentado fazer no nosso país. Para todos eles o meu muito obrigado.

No entanto, tudo isto teria sido muito mais fácil caso este fosse um evento de organização estrangeira em território nacional. Infelizmente, as instituições portuguesas, as associações empresariais e os vários lobbies instalados, ainda olham com desconfiança para tudo aquilo que é novo e lhes foge do controlo – isto a não ser que a organização venha de fora, aí tudo bem e já não há problema.

Não sei se é defeito ou se é feitio, mas sei que este tipo de desconfiança em nada contribui para a economia nacional. Está na hora de Portugal se afirmar lá fora como o grande hub criativo mundial – para isso, eventos como este são absolutamente imprescindíveis. Este é o momento de colocarmos de lado o que nos separa e nos apoiarmos mutuamente, em nome do nosso país. Quem mais está disposto a dar este passo?

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