Passear de mota, ouvir Dead Combo. As preferências de João Oliveira

A coragem é a qualidade que mais aprecia. Um dos livros da sua vida é “As aventuras de João Sem Medo”.

Custou-lhe responder a algumas destas perguntas. A algumas respondeu dizendo que iria pensar nisso ou, como nos desejos para Aladino, que pediria dois desejos e depois o terceiro seria a pedir mais dois. João Oliveira, deputado do PCP há onze anos, líder parlamentar desde 2013, é advogado com formação em Direito pela Universidade de Coimbra. Nasceu no Alentejo e fará 39 anos em julho. É por Évora que tem feito parte da lista de deputados do PCP. Foi essa a maior surpresa da sua vida: ter sido desafiado a ir para a Assembleia da República. O filme que mais o marcou não é para qualquer um. Eis João Oliveira pelas suas preferências.

O melhor de Portugal é…?

O povo português.

O pior de Portugal é…?

A manipulação que é feita do povo contra os seus próprios interesses.

Qual o país que é para si um modelo?

É um modelo de país de Portugal socialista que o PCP aponta e bate.

Qual a personalidade histórica que mais admira?

Considerando uma personalidade coletiva, a minha admiração recai sobre os comunistas que desde a Comuna de Paris têm dado as suas vidas pela libertação dos seus povos.

Quem é a pessoa que mais o marcou profissionalmente?

Há muitos contributos de pessoas muito diferentes. Tendo de identificar uma pessoa, foi a minha camarada Odete Santos.

A sua melhor experiência profissional foi…?

A aprovação, no início desta legislatura, uma lei que atribuía aos trabalhadores das minas da Urgeiriça e as suas famílias o direito à indemnização pelos prejuízos que sofreram na sua saúde. Foi uma luta que durou anos e anos e só no início desta legislatura se fez justiça a esses homens. Foi um momento que me marcou de forma particular.

O acontecimento mais inesperado da sua vida?

Esta pergunta fica num dos mais inesperados da minha vida. Talvez a conversa que fiz com o meu camarada que era responsável em Évora e o partido decidiu integrar-me na lista para deputados na Assembleia da República. Em 2005.

O que gosta mais de fazer nos seus tempos livres?

Como a maior parte das pessoas gosto de ler. E de passear, de preferência de mota.

Qual a qualidade que mais aprecia numa pessoa?

A coragem de enfrentar os obstáculos que a vida coloca. É uma qualidade que é muito relevante.

E o defeito…?

Por oposição, a falta de coragem.

O seu livro, que lhe vem à memória?

Tenho muitos livros que me marcaram em fases diferentes da minha vida. “As aventuras de João Sem Medo” [de José Gomes Ferreira] numa fase muito juvenil e a “Crónica de uma Morte anunciada” do Gabriel García Márquez, pela forma como o romance é construído, é extraordinário. Mas é injusto estar a escolher estes dois livros em tantos outros. É limitado.

O seu filme?

Também é difícil. Faço a escolha ao contrário, pelo que me marcou de forma profundamente negativa. Um documentário com o título “O acto de matar” que descreve o extermínio do partido comunista da Indonésia e todo aquele processo com a explicação feita por um dos responsáveis por aquele massacre. Foi uma experiência avassaladora do ponto de vista humano. Até indisposição física o filme provoca. É um filme que não teria coragem de recomendar a muita gente.

A sua música?

Gosto de muitas e de estilos muito variados. Song for B, de Dead Combo.

A obra que mais admira?

Vou referir uma obra que aprendi a gostar depois de uma primeira reação que foi muito adversa. O edifício do Parlamento alemão, o Reichtag. A primeira impressão foi negativa, causou-me impressão porque achei que havia falta de articulação com tudo o que está à volta. Depois de compreender o que estava na cabeça do arquiteto aprendi a gostar.

Teve de racionalizar

Exato. Compreendi e aprendi a gostar. É curioso. Comentei com um amigo arquiteto a impressão negativa que me tinha deixado o edifício e foi ele que puxou o novelo da opção do arquiteto. E eu percebi que afinal fazia todo o sentido até do ponto de vista estético

Há um incêndio na sua casa, está sozinho, o que salva?

Os álbuns de fotografias.

O génio de Aladino oferece-lhes três desejos. Quais são?

(Risos) Desconfio muito de esmolas grandes e sobretudo de ofertas de personagens de fantasia. Escolhia dois desejos momentâneos e um terceiro para ter uma segunda oportunidade para escolher outros três.

O seu lema de vida é?

Acho que não tenho nenhum, nunca pensei muito nisso. Não sou capaz de encontrar uma frase que possa definir como lema de vida. Vou ter como lema de vida encontrar uma resposta a essa pergunta.

  • Helena Garrido
  • Paula Nunes
  • Fotojornalista

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