OE para 2019 é de “estabilidade”. Itália é um “incómodo”, diz Teixeira dos Santos

  • ECO
  • 7 Novembro 2018

Teixeira dos Santos desvaloriza o abrandamento da economia portuguesa. Mostra-se mais preocupado com a tensão entre Roma e Bruxelas, mas acredita que "arranjar-se-á uma solução para evitar o pior".

Fernando Teixeira dos Santos considera a proposta de Orçamento de Estado para 2019 (OE2019) “de estabilidade” e desvaloriza as projeções de abrandamento do crescimento económico tanto para o corrente ano como para o próximo. Já sobre Itália, diz ser um “incómodo” o diferendo entre Roma e Bruxelas, mas acredita que tudo se resolverá.

Segundo o presidente executivo do EuroBic e ex-ministro das Finanças, que falava em Vilamoura, no Fórum Desafios e Oportunidades, o cenário macroeconómico apresentado na proposta de OE2019 “não é preocupante”, porque a quebra prevista é “natural” e também “não é significativa”.

Por outro lado, defende o professor, os valores projetados para este e para o próximo ano comparam com os resultados de 2017, “um ano extraordinário de forte recuperação pós-crise”, especialmente na Europa e da qual Portugal beneficiou.

Para o setor bancário, no entanto, acrescenta Teixeira do Santos, as previsões “são boas notícias”, porque, embora se preveja uma desaceleração do consumo privado, o cenário macroeconómico também aponta para uma melhoria do crescimento do investimento, catapultando a concessão de crédito.

Braço-de-ferro entre Roma e Bruxelas é “incómodo”

Questionado sobre o chumbo do orçamento italiano pela Comissão Europeia (CE), assim como sobre as eventuais consequências para a Zona Euro em caso de não haver um acordo, o ex-ministro das Finanças reconheceu que Itália “é um fator de preocupação” e que o braço-de-ferro entre Roma e Bruxelas é “incómodo”.

De acordo com Teixeira dos Santos, a autoridade da CE está a ser “testada”, mas também está a ser questionada a sua legitimidade para intervir de forma corretiva nos orçamentos nacionais dos países-membros – “uma regra criada na sequência da crise”, lembra.

"Ao fim do dia, quem vai ditar o destino da política orçamental de Itália são os mercados: é saber se sim ou não os mercados convivem com um orçamento como aquele que a Itália quer levar por diante.”

Teixeira dos Santos

Presidente executivo do EuroBic

Segundo o presidente executivo do EuroBic, vários países-membros até entendem que não deve ser a CE a exercer essa supervisão das políticas orçamentais mas sim o Fundo Europeu de Estabilidade, considerada uma autoridade técnica, independente e “pouco suscetível de captura política pelos estados-membros”.

Contudo, considera o professor, “ao fim do dia, quem vai ditar o destino da política orçamental de Itália são os mercados: é saber se sim ou não os mercados convivem com um orçamento como aquele que a Itália quer levar por diante”.

Para Teixeira dos Santos, se os spreads da dívida pública italiana se agravarem nesta tensão e se os mercados penalizarem muito Itália e se isso contagiar outros países da União Europeia, então aí “podemos ter um problema mais sério”.

Apesar da tensão, o presidente do EuroBic acredita que vai haver “bom-senso” para resolver este diferendo, não só porque a Itália é “demasiado grande para cair”, mas também atendendo às declarações de Mário Draghi – “presidente do Banco Central Europeu, italiano, bem informado”, recorda Teixeira dos Santos – que, ao comentar a situação italiana, disse encarar com “confiança” a evolução do desenrolar das negociações.

“Ao fim do dia, arranjar-se-á uma solução para evitar o pior cenário”, conclui Teixeira dos Santos.

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