Banco de Portugal entrega dividendos recorde de 525 milhões ao Estado

Banco de Portugal já liquidou montante de 525 milhões de euros relativos a dividendos de 2017, ano em que registou um aumento do lucro de 50% para 656 milhões.

O Banco de Portugal entregou dividendos recorde ao Estado no valor de 525 milhões de euros relativos ao exercício do ano passado, um montante 50% superior ao que havia dado um ano antes. Liquidação aconteceu no dia 26 de abril, dois dias depois da aprovação das contas que foram divulgadas publicamente esta sexta-feira.

O Governo de António Costa já contava com um dividendo generoso da parte do banco central, tendo inscrito uma receita de 500 milhões no Orçamento do Estado para este ano, mas a remuneração acionista conseguiu mesmo assim ficar 25 milhões acima da previsão do Executivo. E já tem destino para os dividendos: vão ajudar a pagar as dívidas dos hospitais, segundo afirmou o primeiro-ministro no Parlamento em fevereiro.

A entrega de dividendos ao Estado decorreu da realização de lucros por parte da instituição liderada por Carlos Costa no ano passado. De acordo com o relatório do conselho de administração de 2017 publicado esta sexta-feira, o resultado líquido do Banco de Portugal em 2017 ascendeu a 656 milhões de euros, traduzindo um aumento de 48% face a 2016.

Há sobretudo dois fatores que explicam a subida dos lucros:

  1. O aumento da margem de juros devido, que totalizou os 1.010 milhões de euros e que se deveu aos títulos de dívida pública detidos pela instituição no âmbito dos programas de aquisição de obrigações do Banco Central Europeu (BCE);
  2. e a redução no valor de 520 milhões de euros da provisão para riscos gerais, para a qual contribuiu decisivamente a melhoria do rating de Portugal — o Banco de Portugal argumenta que não alterou a sua a política provisionamento dos riscos gerais.

No total, incluindo dividendos e impostos sobre o rendimento relativos a 2017, o Estado recebeu da parte do banco central 797 milhões de euros.

Dividendos disparam

Fonte: Banco de Portugal

Sem contar com provisões (que deram um ganho de 520 milhões) nem impostos, o resultado do Banco de Portugal foi de 408 milhões de euros, o mais baixo desde, pelo menos, 2013.

A instituição contabilizou perdas de 525 milhões de euros com operações financeiras e com prejuízos não realizados em resultado da desvalorização do dólar. Em concreto, registou menos valias de 264 milhões de euros na venda de títulos em dólares e uma desvalorização de 260 milhões dos ativos em moeda estrangeira — este prejuízo não realizado por ser revertido, no entanto.

De acordo com a demonstração do balanço, o Banco de Portugal detinha no final do ano passado 25,8 mil milhões de euros em obrigações públicas portuguesas, o que representa um crescimento de 21% face ao ano anterior. Também aumentou a sua carteira em 200% com títulos de dívida supranacionais — Mecanismo Europeu de Estabilidade, do Fundo Europeu e do Banco Europeu de Investimento — num total de mais de 15 mil milhões de euros.

Ainda no lado do ativo, as reservas de ouro sofreram uma desvalorização de 200 milhões de euros, estando avaliadas em 13,3 mil milhões de euros no final do ano passado. Para isto contribuiu exclusivamente comportamento do preço do metal nos mercados internacionais, que caiu 3% em 2017.

(Notícia atualizada às 13h51)

 

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